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Mark... com méritos! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 03 December 2015 13:04

Olá fãs do automobilismo,

 

Neste período todo em que considerei necessário direcionar uma atenção especial para Nico Rosberg, logicamente não descuidei dos meus demais pacientes e, assim como foi gratificante ver Lewis mostrar uma grande recuperação psicológica desde a metade do ano passado até a conquista do título, um outro paciente, pelo qual tenho muito carinho e estima também conseguiu em 2015 sagrar-se campeão mundial.

 

Há cerca de dois anos atrás contei aqui nesta coluna como havia sido uma das últimas sessões de terapia com Mark Webber, quando ele deixava a Fórmula 1 e a conturbada – além de negativa para ele – atmosfera da equipe Red Bull e seguia para a disputa do Campeonato Mundial de Endurance pela Porsche na categoria de protótipos, a mais importante das categorias do WEC.

 

Foram muitos anos (cinco) tendo Sebastian Vettel como companheiro de time e Helmut Marko, como “desafeto de time”, numa relação estranha, para dizer o mínimo) e conturbada, não apenas com a predileção pelo outro piloto da equipe, mas por posturas e declarações contra ele feitas pelo próprio consultor técnico do time.

 

 

 

Longe daquele envenenado ambiente e recebido de braços abertos na equipe de Stuttgart, Mark ganhou um novo ânimo para fazer aquilo que mais gostava de fazer: correr de automóveis! Não apenas isso, tinha diante de si uma máquina incrivelmente tecnológica e junto a isto, uma mudança de regulamento que colocaria a todos os times e pilotos numa condição muito próxima de “ter que entender e descobrir como fazer a coisa do jeito certo”.

 

Mark continuou fazendo sessões quinzenais comigo, mesmo quando eu ainda estava no Brasil, e depois quando vim para cá, para San Diego, algo que ele disse ter gostado, uma vez que a facilidade de voos entre Los Angeles e San Francisco com a Austrália eram bem maiores e melhores para ele voltar à terra natal com mais frequência e até mesmo nosso voos para a Europa. Era mais fácil do que chegar e sair de Cuiabá!

 

 

 

Enquanto trabalhamos no ano passado, foi possível perceber um Mark com a empolgação de um iniciante. Ainda no mês de janeiro de 2014 ele já mostrava explicitamente o bem que a mudança de ambiente havia provocado em sua vida apenas olhando para seu rosto... as linhas faciais estavam menos marcadas, as veias do pescoço menos visíveis.

 

Os alemães da Porsche já estavam no Campeonato Mundial de Endurance na categoria GT3 há alguns anos, mas tinham se afastado da categoria principal de protótipos havia décadas, categoria na qual fizeram história com os modelos 917, 956 e 962. O modelo 919 era uma concepção nova e que os demais pilotos da equipe a qual Mark se juntou já haviam começado a trabalhar.

 

 

 

Ao longo da temporada, Mark foi se mostrando cada vez mais confiante tecnicamente e forte emocionalmente. Na verdade, esta força sempre foi muito grande. Afinal, não era fácil lidar com os comentários depreciativos dentro da equipe partindo da pessoa que deveria ser o maior incentivador e defensor dos pilotos.

 

Dentro da estrutura da Porsche, além de contar com todo o apoio por parte dos alemães, o tratamento dispensado a ele, como sendo um piloto vindo da Fórmula 1 era de grande respeito também por parte dos demais pilotos, especialmente na condição em que você divide o carro com dois destes pilotos, situação de todas as corridas do mundial de endurance.

 

 

 

Como não poderia deixar de ser, o conhecimento acumulado com o sistema de recuperação de energia (KERS), que Mark tão bem conhecia dos anos de Red Bull na Fórmula 1, foram de grande utilidade para o desenvolvimento do sistema híbrido desenvolvido pela Porsche como também serviu de referência para seus companheiros de carro conseguirem lidar melhor com a forma de utilizar este recurso.

 

Sendo o Protótipo 919 Hibrid um carro que estava estreando no Campeonato Mundial de Endurance de 2014, disputando contra as vencedoras e bem estabelecidas Audi e Toyota, conseguir andar tão perto das concorrentes e finalizar o campeonato com uma vitória em Interlagos foi uma enorme injeção de ânimo nos pilotos e na equipe para a temporada seguinte.

 

 

 

O trabalho no novo carro... sim, novo, porque os alemães mudaram mais da metade dos componentes do carro da temporada de 2014 em busca de mais performance em 2015, começou cedo e com Mark estando à frente do trabalho de desenvolvimento. O resultado não tardou a aparecer!

 

Nas oito etapas da temporada de 2015, a Porsche conquistou seis vitórias e, no seu grande final, em Bahrain, a consagração de Mark Webber e seus colegas de carro, que venceram quatro corridas na temporada, acontecendo junto com a volta ao título da Porsche certamente, para o mundo do automobilismo em geral e para Mark, em particular, foi algo mais importante do que se ele tivesse conquistado um dos campeonatos nos anos de supremacia da Red Bull na Fórmula 1.

 

 

 

Acredito que Mark passou a sentir isso a partir da etapa de Fuji, quando o título foi ficando algo mais concreto tanto para ele como para a equipe. A imagem da comemoração dele no pódio ao final da corrida do Bahrain, mesmo eles tendo chegado em 5º lugar, foi algo simplesmente espetacular e ele disse que foi o extravasamento, de mais de uma década, desde quando estreou na Fórmula 1 para viver aquele momento.

 

Quando voltou ao meu consultório depois do título, além do presente de natal que me deu (um macacão com as assinaturas de todos os pilotos da equipe), Mark pediu que continuássemos com nossas sessões quinzenais e que ali já começava o trabalho para 2016. Eu disse a ele que no Brasil temos um ditado que fala “time que ganha não se mexe”... e o nosso time é um time vencedor.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares