Na bolsa de apostas para o WRC etapa de Portugal, como de costume, o favoritismo estava com os pilotos do esquadrão da equipe VW, líder disparada do mundial, tanto entre os construtores, quanto de pilotos. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Seria um sinal de que os empoeirados ventos do WRC estão mudando de direção? Logo no início da prova, para surpresa geral de todos, Kris Meeke a bordo de seu Citroen DS3, venceu as primeiras especiais e ampliava seu domínio a cada trecho. A surpresa ficou por conta do fato da montadora francesa não estar fazendo a temporada completa, visto que preferiu priorizar o desenvolvimento de um novo carro visando seu retorno com força total para a temporada de 2017, a qual terá novas regras. Meeke "atacando" os barrancos em terras portuguesas Enquanto isso, o líder do campeonato Sebastien Ogier, travava uma bela disputa pela segunda colocação com Dani Sordo e Hayden Paddon da Hyundai, e seu companheiro de VW, Andreas Mikkelsen. Ogier não conseguiu acompanhar o ritmo imposto por Meeke Mas na sequência do rally um acidente inusitado aconteceu e envolvendo Paddon, o vencedor da etapa anterior, na Argentina. Após perder o controle de seu carro em um solavanco no meio de uma curva e bater em um barranco, Paddon foi parar em meio a uma vegetação seca na margem da estrada, a qual em contato com o escapamento quente de seu I20 deu início a um grande incêndio. Navegador observa o que restou do carro de Hayden Paddon E seguindo o velho ditado que diz que não há nada tão ruim que não possa piorar, Ott Tanak também perdeu o controle de seu Ford Fiesta na mesma curva e foi parar justamente no local onde o carro de Paddon estava sendo tomado pelas chamas.
Não fosse a ajuda providencial de um guincho de um espectador e um esguicho surgido sei lá de onde, seu carro também teria se transformado em um monte de cinzas, a exemplo do i20 de Paddon, um prejuízo de mais de um milhão de Euros para a Hyundai. O fato engraçado, não fosse trágico, é que em 2015, Tanak esteve envolvido em outro acidente inusitado, ao mergulhar com seu carro em um enorme lago durante a etapa do México, o que lhe rendeu o apelido de "Titanak". O carro de Tanak escapou do incêndio com poucos danos diante da proporção do incêndio E no decorrer da prova, enquanto Meeke ampliava a sua liderança, a disputa pelos dois últimos lugares dos pódio ficou polarizada entre Ogier e Mikkelsen, já que o espanhol Dani Sordo enfrentou alguns problemas e perdeu um tempo considerável. A decepção ficou por conta do desempenho do finlandês da VW, Jari Matti Latvala, o qual não conseguiu encontrar um bom ritmo em momento algum da prova, talvez resultado dos inúmeros problemas que vem enfrentando durante a temporada (visto que havia completado somente uma prova até o então), e sofreu um forte acidente quando liderava com folga o rally da Argentina. Latvala já provou ser um piloto muito rápido, porém também é bastante inconstante, visto que com ele não tem meio termo, ou bate ou ganha. Creio que logo a minha colega de site, a psicóloga esportiva Catarina Soares, irá ganhar um novo cliente. Outros pilotos que vem tendo seu desempenho questionado são o norueguês Mads Ostberg que ao final de 2015 deixou a Citroen para retornar à Ford, mas não está conseguindo repetir os bons resultados de sua primeira passagem pela equipe, e o Belga Thierry Neuville da Hyundai que, inclusive, foi rebaixado para a equipe B da montadora coreana recentemente, em detrimento a Paddon. O fato curioso disso tudo é que na F1 e no WRC ocorreram situações semelhantes, já que na F1 Max Verstappen foi alçado da Toro Rosso para a Red Bull e venceu a etapa da Espanha, enquanto no WRC, Hayden Paddon surpreendeu a todos vencendo a etapa da Argentina logo após ser promovido à equipe principal da Hyundai no lugar de Neville. O famoso salto de Fafe Para o último dia de prova, o show ficou por conta do estágio de Fafe com seu famoso salto, o qual contou com a presença, segundo a organização, de mais de 70.000 pessoas, às quais deram um verdadeiro show mais uma vez, visto que em Portugal o rally é tão, ou mais popular do que o futebol. E a disputa pela segunda colocação iniciada ainda no primeiro dia de prova entre Ogier e Mikkelsen, continuou até os últimos metros. Provando que atravessa o melhor momento de sua carreira, Mikkelsen levou a melhor e garantiu a segundo lugar do pódio com uma vantagem de apenas 4,8s para Ogier. E de maneira incontestável, a vitória ficou mesmo com Kris Meeke, também conhecido como o "rei de Curitiba" por ter vencido às duas etapas do IRC realizadas no Brasil nos anos de 2009 e 2010, quando ainda defendia às cores da Peugeot. Kris Meeke quando era "apenas" considerado o rei de Curitiba O resultado da etapa pode ser visto como uma zebra se levarmos em conta o fato da Citroen ter um carro inferior aos VW Polo e Meeke estar sem ritmo de prova, visto que sua última aparição foi no rally de Monte Carlo, na abertura da temporada, em Janeiro. Mas, certamente, a Citroen já deve ter incorporado ao DS3 alguns componentes que irá utilizar na próxima temporada. Além disso, o talento de Meeke é incontestável. Não é a toa que era o pupilo preferido do lendário Colin McRae, morto em um acidente de helicóptero em 2007, e que via em Meeke um futuro campeão mundial. Creio que McRae estava correto, basta a Citroen dar a Meeke um carro competitivo em 2017. Meeke e Nagle comemorando a vitória incontestável em Portugal. Mas voltando ao campeonato atual, está muito difícil alguém tirar o título, tanto de construtores, quanto de pilotos, de Ogier e da VW. Talvez não somente por mérito deles, mas em virtude da falta de concorrentes à altura no momento ao longo do campeonato. Mas para 2017, além da volta da Citroen, teremos o retorno da japonesa Toyota, a qual promete muito, pois o Yaris versão WRC vem sendo desenvolvido por ninguém menos que o tetracampeão do WRC Tommi Makinen, o que prova que não estão vindo para brincadeira. A temporada 2017 promete altas emoções, assim esperamos! Até a Próxima, Marcos Tokarski
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