Já fazia algum tempo que eu planejava ver uma corrida de 24 Horas. Junto com as assessoras de imprensa e amigas Natalia Costa e Glauce Schutz, sempre fizemos planos e falamos sobre isso nos jantares nas etapas da Stock Car. Mas foi no meio do ano passado, quando o Christian Fittipaldi me avisou que iria parar de correr profissional-mente e faria sua despedida nas 24 Horas de Daytona de 2019, que decidimos colocar em prática o nosso “plano”. E lá fomos nós no final de janeiro acompanhar essa corrida lendária, incrível e que teve uma emoção a mais com toda a homenagem feita para o Christian. Conheço alguns autódromos da Europa, mas nenhum dos mais icônicos. Por isso, chegar à Daytona já trouxe aquela emoção que só uma criança sente quando se depara com os personagens na Disney. Da rua, ao avistar aquele “templo”, quase chorei! Sim! Eu estava ali! O complexo todo é muito bonito, organizado, estruturado. Chegamos na quinta-feira, para acompanhar os treinos classificatórios. Infelizmente, o carro do Christian – pilotado no momento pelo português Filipe Albuquerque – mal saiu dos boxes. Com um problema nos freios, o Cadillac #5 da Action Express ficou sem tempo e o último lugar no grid dos Protótipos. Mas nem isso abalou os ânimos do CF, como muitos amigos o chamam. Bem-humorado, tirando fotos com todos, ele ainda recebeu uma homenagem surpresa à noite no autódromo e foi difícil conter a emoção. Na sexta-feira, houve apenas um treino livre, e no sábado lá estávamos nós para acompanhar a largada e algumas horas da corrida. Christian Fittipaldi ao lado dos seus companheiros de equipe para a disputa das 24 Horas de Daytona de 2019. As 24 Horas de Daytona não são uma prova onde as pessoas compram ingressos para ficar nas arquibancadas. Todos ficam acampados, em barracas ou em seus motorhomes, naquele estilo típico de norte-americano que ama velocidade: fazendo churrasco e tomando cerveja. Dentro do autódromo, alguns montam suas próprias arquibancadas, com cadeiras na parte superior dos motorhomes. E deste ponto têm acesso ao “infield”, onde ficam as garagens, boxes e caminhões das equipes. Sem contar uma área com restaurante, food truck e até shows. Ah! E aquela roda gigante cheia de luzes coloridas, que eu sempre via toda acesa pela TV, durante a disputa à noite. Antes da largada, com os carros na pista, o público pode entrar, ver as super máquinas de perto, tirar fotos com os pilotos, deitar naquele asfalto sagrado, enfim... É realmente uma Disneylândia para quem gosta de automobilismo. A corrida começou bem disputada. O Albuquerque logo se recuperou e chegou a estar em sexto lugar. Mas no stint do CF o carro teve um novo problema e a equipe perdeu muito tempo nos boxes, além de voltas valiosas. Com a tarde caindo, o frio tomou conta de Daytona. A temperatura estava na casa dos 5 graus Celsius e, com a previsão de chuva, voltamos para a casa que alugamos em Orlando. Mas fomos acompanhando a prova pela TV. E a chuva, como previsto, caiu e caiu forte. Bandeira vermelha e, logo cedo, voltamos pra pista para acompanhar a chegada. A prova até voltou a ser disputada, mas faltando duas horas, mais chuva e uma nova bandeira vermelha. Vitória do Fernando Alonso e cia (por pouco não deu para os brasileiros Pipo Derani e Felipe Nasr), com o carro do Christian Fittipaldi terminando em sétimo. Eu ao lado do Christian (ao centro) com um grupo de amigos (Natália, Glauce, Jefferson (meu marido) e Rubem. Foto: José Mario Dias Fomos para o pódio, a capa de chuva já não dava mais conta, ficamos totalmente molhados, mas foi inesquecível, inigualável! De volta ao motorhome, para me despedir do CF, aquele choro entalado, segurando as lágrimas e só um sentimento de muita gratidão por ter a honra de ter sido sua assessora de imprensa no Brasil nos últimos 14 anos. Único brasileiro até hoje a ter andado de NASCAR, Fórmula 1, Fórmula Indy. Tricampeão em Daytona, bicampeão do IMSA, tantos títulos nestes quase 40 anos de pista. O Christian me ensinou muita coisa e fico feliz em vê-lo realizado com tudo isso que a vida proporcionou para ele nas pistas. Se no Brasil, muita gente não reconhece tudo isso, ele sabe que quem importa sabe que ele fez muito! E não precisa provar mais nada a ninguém! Agora vamos para os novos planos: 12 Horas de Sebring e quem sabe Le Mans! Fernanda Gonçalves Fernanda Gonçalves é Diretora Executiva da FGCom Assessoria em Comunicação Quer saber mais? Conheça o nosso site: www.fgcom.com.br |