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Estamos aqui de passagem PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 27 November 2019 22:10

Foi um fim de semana difícil para os brasileiros que gostam e acompanham o automobilismo nacional e, principalmente, trabalham nas pistas deste país. Acordar com a confirmação da morte do Tuka Rocha, após o grave acidente aéreo sofrido três dias antes na Bahia, fez do Grande Prêmio do Brasil de F-1 deste ano o mais estranho... Pelo menos, pra mim.

 

Não consegui nem ver a corrida direito. Embora não estivesse em Interlagos, ficou um vazio. Como se tudo ficasse em segundo plano, apesar da grande corrida que tivemos ali.

 

Conheci o Tukinha logo que fui trabalhar na Reunion Sports & Marketing no início dos anos 2000. E impossível não lembrar dele de outra forma que não fosse sorrindo. É como se ele estivesse assim o tempo todo.

 

Acompanhei a temporada dele na World Series, quando Ricardo Zonta foi campeão em 2002. Os dois correram com as cores do time de futebol do Barcelona, um case inédito na época e que repercutiu muito.

 

Em todos os encontros e entrevistas que acompanhei, o Tukinha sempre foi muito amável, carinhoso, lembro até de um presente que me deu em um Natal, lembrança que vou guardar com muito carinho sempre.

 

Depois de um tempo, saí da ReUnion e acabamos perdendo contato. Quando ele iria estrear na Stock Car, me procurou, mas na época eu já atendia outra conta com exclusividade e não poderia trabalhar para outra equipe.

 

No corre corre da vida, a gente se esbarrava pelos autódromos, ele sempre sorrindo, mas pouco nos falávamos. Estranho que a gente nunca imagina que algo assim vá acontecer. Ele tão jovem, tão cheio de vida.

 

E quando acontece, você se sente impotente... Não tem mais como voltar atrás. Não dá pra dizer o que não foi dito... Não dá pra voltar naquele dia em que você estava correndo, por algum motivo que nem se lembra mais, para parar e dedicar mais tempo para uma conversa, um abraço.

 

   Na última etapa da Stock Car, os pilotos e a categoria fizeram uma homenagem a Tuka Rocha. (Foto: José Mario Dias)

 

Quando essas coisas acontecem, fica sempre a lição de que todos nós estamos aqui de passagem... E alguns nos deixam mais cedo do que deveriam. A gente sabe que você gostava de acelerar, mas não precisa ser assim tão rápido, né Tuka?

 

Nos últimos anos, o Tuka vinha se dedicando ao seu projeto no kart, ajudando crianças e o futuro do esporte. Vinha fazendo um belo trabalho no Speedland, com seu sorriso no rosto e seu coração do bem. Por alguns relatos que tivemos, um dos motivos de ter sofrido mais queimaduras no acidente foi ter voltado para a aeronave para ajudar especialmente uma criança que também estava a bordo. Nada mais Tukinha.

 

Todas as homenagens no fim de semana da Stock Car em Goiânia, uma semana após sua morte, foram sinceras e cheias de amor. Ficam as boas lembranças e agora a saudade.

 

Neste momento de dor e tristeza, todas as minhas orações para os familiares e amigos do Tuka, especialmente seus pais. E para todas as outras vítimas deste triste acidente. Fica para todos nós a imagem de seu sorriso sincero e nesta coluna minha singela homenagem a este grande piloto e pessoa, que por sorte conheci.

 

O céu ganhou uma estrela especial.

 

Fernanda Gonçalves

Fernanda Gonçalves é Diretora Executiva da FGCom Assessoria em Comunicação

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