Alô galera que lê os Nobres do Grid... Salve Jorge!

Depois de um final de semana de estreia, recebi emails de muita gente me cobrando o desempenho de Rafael Câmara em Dubai. Tendo sido ele o melhor kartista na Europa nos últimos dois anos, muita gente – eu nesse meio – também achava que ele ia chegar chegando.

A expectativa também foi grande por conta dos treinos no final do ano passado, com o brasileiro andando sempre entre os mais rápidos, o que se repetiu em janeiro. Daí achar que, por não ter vencido nenhuma corrida nas quatro corridas de seu primeiro final de semana de competição na categoria é uma reação exagerada. Sem pressão no moleque. Vamos deixar ele correr tranquilo.

Nesse segundo final de semana em Dubai a programação será diferente. Na sexta-feira aconteceram dois treinos livres. Kimi Antonelli, que detonou na estreia em Abu Dhabi, liderou a primeira (o brasileiro foi o 4°) e Rafael Câmara a segunda. No sábado tivemos mais um treino livre, dois qualificatórios e a primeira das quatro corridas. O domingo é dedicado a três corridas.

O regulamento da terceira rodada quádrupla foi uma repetição do estranho critério de definição do grid do regulamento. A molecada tem que acelerar muito, tendo que fazer ao menos duas voltas rápidas. O ranking de melhores volta do qualificatório 1 define a ordem de largada da corrida 1 e o mesmo acontece com o qualifcatório 2 e o grid da corrida 3. Para a corrida 2 a ordem de largada foi estabelecida conforme a segunda melhor volta de cada carro nos qualificatórios 1. e 2 (parece aqueles regulamentos do campeonato carioca no tempo do Caixa D’água) e o email que me foi encaminhado pela minha editora veio com a informação errada por parte do assessor de imprensa do nosso piloto.

Nos treinos classificatórios o piloto brasileiro mostrou já estar bem familiarizado com o carro e as condições de pista. No primeiro treino, que define as posições para a corrida 1, Rafael Câmara ficou com a P2, atrás do companheiro de Prema, Charlie Wurz. No segundo treino, para a corrida 3, ele foi dominador e cravou a pole position, para as corridas 2 e 4, cujo os tempos foram definidos pelas segundas melhores voltas, nosso representante também ficou com a P2 pra corrida 2.

O sábado teve apenas uma corrida e, como falei, Rafael Câmara largava na primeira fila, na P2, na parte da reta onde a sujeira prejudica a tração. Depois que os 31 carros (que grid fantástico!) completaram a volta de apresentação e realinharam no grid, apagadas as luzes vermelhas, Wurz largou bem, bloqueou o avanço co brasileiro que manteve a P2 nas primeiras curvas e ainda na primeira volta conseguiu uma pequena, mas confortável, vantagem para o 3° colocado, Luke Browning.

Na segunda volta Rafael Câmara já estava pressionando Charlie Wurz pela liderança. O ritmo defensivo de Wurz juntou os 3 primeiros que já abriam para o 4°, Neate. Na terceira volta O brasileiro, numa manobra sensacional, tomou a ponta pouco antes de Valério Rinicella provocou a entrada do safety car, em um serviço que demorou demais para retirar apenas um carro no guincho e depois o de Michael Shin, rebocado, consumindo mais da metade dos 25 minutos de corrida.

A corrida foi retomada faltando pouco menos de 5 minutos e Rafael Câmara foi brilhante na relargada. Os 3 primeiros se destacaram rapidamente devido a luta sinistra pela P4, envolvendo 4 carros. Depois de uma tentativa de ataque, o brasileiro completou a volta na liderança, mas Luke Browning estava a menos de 1s do nosso piloto. Wurz perdeu um pouco de terreno e acabou sendo ultrapassado por Nikita Bedrin na última volta. Na frente, Rafael Câmara levou a melhor e venceu sua primeira corrida de monopostos. Luke Browning foi punido em 10s por ultrapassar com bandeira amarela do safety car e perdeu a P2.

A segunda corrida foi (aqui no Brasil) na madrugada do domingo e quem é fã de corridas estava ligado na internet para assistir. Novamente o nosso piloto largava na 2ª posição, com Charlie Wurz na pole e dois outros carros da Prema na fila 2. Após os 31 carros completarem (exceto Michael Shin que voltou para os boxes) a volta de apresentação, alinhados, foi dada a largada e Rafael Câmara foi bloqueado novamente por Charlie Wurz, que tomou a ponta e comprometeu a curva 1 do brasileiro, que caiu para 3°, superado por Nikita Bedrin, que fez uma grande largada.

Um acidente e o carro parado de Valério Rinicella chamou o safety car para limparem a pista. Ricardo Scotto também foi envolvido no acidente. A corrida foi retomada na volta 4 e Rafael Câmara passou na reta colado no russo, que fechou o brasileiro e o atrapalhou, fazendo com que Aiden Neate ganhasse a P3 do Brasileiro. Um acidente feio com Kimi Antonelli e Martinius Stenshorne chamou novamente o safety car e dessa vez, ia dar trabalho para o pessoal de pista.

A corrida foi retomada com apenas 4 minutos para o fim. Seriam duas ou três voltas sinistras, com a molecada indo para o tudo ou nada. Rafael Câmara fez uma relargada segura, mantendo o P5 longe dele e depois de algumas curvas foi pra cima de Aiden Neate, mas um outro acidente (e isso ia acontecer) fez a direção de prova dar bandeira vermelha no final e com isso, nosso piloto ficou com a P4 na segunda corrida.

A terceira corrida aconteceu 3 horas depois do final da segunda e, dessa vez, o pole position era o brasileiro Rafael Câmara, que mantendo suas boas largadas poderia tomar a ponta desde o início da corrida. Completada a volta de apresentação e alinhados os carros, quando deram a largada o piloto brasileiro fez um movimento preciso, defendendo sua posição de Aiden Neate e Luke Browning para contornar a curva 1 na liderança.

Uma batida no final do pelotão chamou o safety car pra pista, estragando a boa largada do brasileiro, que já abria vantagem para o segundo colocado e os que se seguiam. Novamente o serviço foi demorado e a relargada veio apenas na volta 5 e Rafael Câmara largou muito bem, manteve a ponta e aproveitou a briga entre Browning, Wurz e Neate para abrir vantagem na frente. No completar da volta Neate era o P2, Browning o P3 e Wurz perdeu muitas posições.

Rafael Câmara abriu mais de 2s de Aiden Neate, que abriu ainda mais de Browning e o melhor que poderia acontecer para o brasileiro era não termos mais entradas do safety car até o final da corrida. A briga pela P3 não mostrou um erro de Rafael Câmara e com isso Aiden Neate colou no brasileiro. Wurz voltou pra P3 e nosso piloto acabou perdendo a liderança.

As duas últimas voltas foram sinistras! Rafael Câmara estudou os movimentos de Aiden Neate durante toda a volta, não tentou o ataque e, na reta, entrando na última volta, o brasileiro fez o movimento perfeito e recuperou a liderança. Mas Neate não desistiu e na metade final da volta, tentou por todos os meios retomar a ponta. Rafael Câmara foi perfeito na defesa da primeira posição e conseguiu conquistar sua segunda vitória do final de semana.

Menos de três horas depois os pilotos voltaram para pista para concluir a rodada quádrupla da terceira etapa do campeonato com os 12 primeiros colocados largando em grid invertido. Vencedor da corrida 3, Rafael Câmara largava na 12ª posição, no meio da confusão. Volta de apresentação completa e carros realinhados, apagadas as luzes vermelhas, Rafael Câmara “sobreviveu” a largada e as primeiras curvas.

A primeira volta foi insana, sinistra, com uma briga do 4° ao 14° colocado com os carros passando a milímetros uns dos outros. Foi um milagre não ter acontecido um acidente. Rafael Câmara não conseguiu avançar na primeira volta, continuando fora do top10 para marcar pontos. As posições ficaram melhor definidas a partir da 3ª volta, e o brasileiro já aparecia na P10, justamente quando uma batida tripla no fundo do pelotão deixou os carros na pista e o safety car entrou com a direção de prova colocando bandeira vermelha, vendo que o trabalho de liberação da pista iria demorar.

Depois de meia hora de paralisação, os carros voltaram para a pista os carros voltaram pra pista com uma situação bizarra: todos os pilotos atrás do líder foram punidos com 5s de acréscimo no tempo e prova! A bandeira verde veio após uma volta atrás do safety car. Rafael Câmara largou seguro e manteve a P10 antes de partir para o ataque e conseguir ganhar posições para terminar a prova na P7 e ser o piloto que mais pontos somou no final de semana e agora ocupa a 7ª posição no campeonato com 85 pontos. o líder é Aiden Naete com 145, seguido de Charlie Wurz com 144, ambos pilotos da Prema como o brasileiro.

E assim concluímos assim mais um desafio, acompanhando as categorias de base com os brasileiros buscando uma oportunidade de crescer no automobilismo internacional em qualquer dos continentes pelo mundo e vamos continuar tentando manter o compromisso da coluna semanal. 

Um abraço a todos,

Genilson Santos

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.