Olá leitores!

Espero que vocês estejam bem. Felizmente as competições voltam a acontecer, e cada vez menos temos que ficar prestando atenção naquelas conversas de bastidores que, além de extremamente aborrecidas, acabam servindo apenas para lustrar o ego de uns e ecoar as lamúrias de outros. Na parte de lamúrias, realmente a equipe líder continua sendo a Mercedes, seja com o Lewis adotando discurso vitimista análogo ao que Rubens Barrichello adotava na categoria, seja com o Cachorro Lobo demonstrando ter uma memória altamente seletiva ao afirmar que o incompetente Michael Masi “já tinha ajudado Verstappen antes da última corrida” (esquecendo as dezenas de vezes que ele favoreceu a Mercedes) e que “sente pena do Verstappen” (pena por não estar na equipe Mercedes? Pena por ter sofrido tanto para ganhar um campeonato mesmo com a FIA errando muito mais vezes a favor da Mercedes que da Red Bull?), pois o holandês “mereceu ganhar o título, mas todos falam apenas da última corrida” (Sim, e o próprio elemento pernicioso que está dando a entrevista não para de lembrar da única vez no ano em que a Mercedes não foi favorecida pela direção de prova...). O Cachorro Lobo parece empresa brasileira, vive tendo incentivos diretos ou indiretos, mas quando existe alguma rara legislação que favorece o empregado ficam chorando que “empreender no Brasil é muito difícil, o governo persegue quem gera empregos”... para ambos a minha resposta silenciosa é fazer aquele gesto de paz e compreensão entre os povos esticando um dos dedos da mão e recolhendo os outros quatro, gesto tão bem executado por Will Power certa vez em uma discutível decisão da direção de prova em uma corrida em New Hampshire.

Mas vamos ao que interessa, ação na pista. O Mundial de Motovelocidade iniciou sua temporada 2022 no Qatar com muita adrenalina e emoção. A corrida da Moto3 foi, como de costume, proibida para cardíacos, com o vencedor Andrea Migno se sobrepondo a Sérgio García por apenas 3 centésimos de segundo, ao passo que logo ali atrás outra disputa acirrada acontecia pelo 3º lugar; nesta, Kaito Toba levou a melhor sobre Deniz Öncü, e dessa forma Toba subiu ao degrau mais baixo do pódio. A 5ª C que existe dentro de nós agradece. Já a Moto2 também não fugiu ao padrão, com a corrida mais “burocrática” do domingo, mas que ao menos trouxer um pouco de alegria aos fãs de Valentino Rossi, já que a vitória de ponta a ponta foi de Celestino Vietti, piloto da equipe VR46. O 2º lugar, mais de 5 segundos atrás, ficou com Aron Canet, que por sua vez teve uma confortável vantagem de 4 segundos para o beneficiado de uma das poucas disputas acirradas da prova, aquela pelo 3º lugar, onde Augusto Fernandez e Ai Ogura disputavam acirradamente a vaga no degrau mais baixo do pódio, até que na última curva Ogura deixou pra frear extremamente tarde, acabou perdendo o controle da roda dianteira, e não caiu sozinho apenas por ter encontrado a traseira da moto de Fernandez no caminho. Ambos se tocaram, de alguma forma a moto do japonês voltou em direção à vertical, e ele apenas foi dar um passeio na área de escape... só que nisso Fernandez perdeu tempo e tração na saída da curva, o que foi de muito bom grado para Sam Lowes, que assim assumiu o 3º lugar. Para felicidade dos fãs de esporte a motor, a categoria rainha foi muito mais parecida com a prova de Moto3 do que com a de Moto2. E mais uma vez o hino italiano foi ouvido no pódio, graças ao estupendo desempenho de Enea Bastianini, que resistiu à pressão de Brad Binder (KTM) na última volta e levou sua Ducati 2021 ao topo depois das motos oficiais da fábrica abandonarem a corrida, além das Ducati de Jorge Martín e Marco Bezzecchi. Aliás, o acidente entre Bagnaia e Martín foi... ridículo. Digamos que Bagnaia deu uma de Andrea de Cesaris. Para completar, antes do pódio Enea ainda dedicou a vitória ao falecido fundador da sua equipe, Fausto Gresini, um ano após a morte do mesmo. Um momento tocante. Completando o pódio tivemos Pol Espargaró (Honda), que liderou um bocado de voltas mas perdeu um pouco de ritmo no final, não o suficiente para ser ultrapassado pelo seu irmão Aleix Espargaró, que levou sua Aprilia até a 4ª posição, logo a frente de Marc Márquez, o 5º colocado. 4 fábricas diferentes nas 4 primeiras posições, isso é o que se pode chamar de um excelente início de temporada.

A NASCAR foi até Las Vegas, e dessa vez não deu pra cantar “Viva Las Vegas”... que corrida chata!!!! Parecia Fórmula Um de tão soporífera. O começo da prova, com várias bandeiras amarelas, também não cooperou muito. Ao menos ao final da prova a vitória ficou com o mais combativo. Primeiro segmento vencido por Alex Bowman, o segundo segmento ficou com Ross Chastain, outro piloto que fez uma corrida excelente. O segmento final foi decidido na prorrogação, por conta de um acidente envolvendo Erik Jones e Bubba Wallace, e a estratégia de trocar apenas 2 pneus da Hendrick rendeu frutos melhores que a estratégia de 4 pneus novos da Joe Gibbs. Na relargada, Bowman e Larson pularam na frente e disputaram intensamente a liderança nas duas últimas voltas, com vantagem para Bowman, com Kyle Larson em 2º, Ross Chastain em 3º, um conformado Kyle Busch em 4º e com William Byron fechando o Top-5. Agora é torcer para esse novo carro da categoria não estragar a corrida em Phoenix próxima semana... Las Vegas já não era uma pista que propiciava grandes corridas, e com o carro novo ficou tenebroso, aguardemos Phoenix.

Até a próxima!

Alexandre Bianchini