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O choro é livre e temos uma geração de chorões PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 14 July 2022 23:10

Quando eu vejo aquelas fotos antigas dos carros de Fórmula 1 dos anos 60, ou 70 com as quatro rodas no ar eu viro para os meus filhos e digo: nessa época tinha piloto de verdade!

 

A Fórmula 1 reintroduziu o efeito solo nos carros desta temporada para que a aderência mecânica fosse mais importante do que a aderência aerodinâmica dos carros que, ao chegarem perto do carro da frente, perdiam a estabilidade – e consequentemente a velocidade – sem conseguirem se aproximar o suficiente para usarem as retas e fazerem ultrapassagens.

 

Antes do efeito solo, eles criaram a “muleta” da abertura de asa traseira (asa móvel ou DRS, em inglês) para tentar fazer com que as ultrapassagens acontecessem, o que nem sempre funciona, como por exemplo, no chatíssimo GP de Barcelona... e pelo que vimos na corrida disputada em maio, não mudou muita coisa e o problema pode ser associado ao tal do “porpoising”, o tal do quique que os carros estão sofrendo com o retorno do efeito solo.

 

Estou aguardando ansioso pela corrida em Zandvoort para ver se vamos ter ou não ultrapassagens na corrida na Holanda com aquela reta de menos de 700 metros. Apenas lembrando que nas corridas nos anos 70/80 os carros pegavam o vácuo e faziam ultrapassagens no final da reta, na tomada da curva Tarzan. No ano passado, mesmo com a “muleta” da asa móvel, foram raras as ultrapassagens. Com carros mais equivalentes, elas não aconteceram!

 

 

No melhor estilo “bebês chorões”, a Mercedes e o Neguim (não adianta me processar que eu sou pobre. Não tenho 10 milhões) falaram de tudo, até de dores nas costas, e mais pilotos chorões choraram. Aí eu volto pra imagem do tempo que os carros decolavam nas quatro rodas e os pilotos não saiam dos seus carros com cara de meninos pidões, fazendo biquinho e reclamando de dores nas costas.

 

O que eu acho interessante é que o chamado “efeito solo” não é nenhuma novidade. Nos anos 70 o gênio da Lotus, Colin Chapman criou uma forma eficiente de utilizar o ar que passava embaixo do carro de maneira a aumentar a eficiência aerodinâmica, segurando o carro o mais próximo possível da pista e, com o poder de sucção criado, torná-lo mais veloz nas curvas, especialmente nas curvas de alta velocidade. O princípio da “asa do avião invertida” foi um sucesso e logo copiado pelas demais equipes.

 

 

Mas o “mago” da Lotus criou um mecanismo que otimizava este sistema: a chamada “minissaia”! Um dispositivo móvel, adaptado nas laterais das tomadas dos radiadores que iam praticamente das rodas dianteiras até as traseiras e que canalizavam o ar para uniformizar o fluxo e isso fazia do Lotus 79, carro que foi a evolução do modelo 78, ficasse praticamente imbatível.

 

Mas porque os carros daquele época não tinham “porpoising”? Tinham! O carro seguinte – o Lotus 80 – foi projetado para dispensar o uso de aerofólios (Podemos ver em alguns carros no início dos anos 80 a ausência de aerofólios dianteiros), mas o projeto não funcionou. E onde estava a diferença entre o “porpoising” da época e o atual? Não tinha piloto choramingão! Podem procurar (eu procurei) e não vão achar uma entrevista sequer de piloto reclamando de dor nas costas.

 

 

O xororô da Mercedes deu resultado e vamos ter mudanças no regulamento para irritação do pessoal da Red Bull, que entre todas as equipes foi quem conseguiu lidar melhor com o problema e parece que – algumas pessoas pelo menos – estão com “dor na consciência” pelo título mal resolvido da corrida de Abu Dhabi no ano passado (quem tiver outra teoria, pode mandar para o site) e já vão mexer nas regras este ano e um endurecimento dos patins da prancha e uma métrica de oscilação vertical serão aplicados a partir do Grande Prêmio da Bélgica.

 

A modificação pode ser introduzida – isso ficará a critério das equipes – já a partir do GP da França (que acontece no final de semana seguinte a publicação dessa coluna) para que as equipes aprendam sobre as implicações na configuração. A FIA destacou que, enquanto as equipes estão entendendo como controlar o problema, há o medo de que ele possa piorar novamente em 2023, à medida que mais downforce pode ser conseguido com o desenvolvimento dos carros.

 

 

O argumento da FIA para mexer no regulamento foi o da segurança e a medida foi imposta, sem passar por votações com as equipes – onde, evidentemente, a Red Bull e provavelmente sua afiliada, a Alpha Tauri, votariam contra – ou outros seguimentos que votam nas reuniões da comissão do esporte.  E, para 2023, as mudanças serão maiores: a partir da próxima temporada, as bordas do assoalho dos carros serão elevadas em 25 milímetros (o carro ficará mais longe do solo). O difusor também terá o vão aumentado e os testes de flexibilidade do assoalho serão mais rigorosos. Além disso, a FIA irá introduzir um sensor mais preciso para ajudar a medir as oscilações aerodinâmicas.

 

 

Agora é ver se a Mercedes para de terminar as corridas 30 segundos atrás dos vencedores e conseguem reduzir as despesas com caixas de lenços de papel para não estourar o teto de orçamento... mas o choro é livre!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. 

 
Last Updated ( Saturday, 16 July 2022 23:28 )