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O início do ano é tradicionalmente quando os jornalistas automotivos podem prever o futuro. Não com cartas de tarô ou bolas de cristal, mas com anotações e gravações feitas durante uma enxurrada de eventos em que montadoras, fornecedores e especialistas do setor exibem seus últimos produtos, levam o envolve a nova tecnologia e faz anúncios sobre os próximos anos modelo.

Em tempos pré-pandêmicos, teríamos coberto grandes eventos de salões de automóveis na Europa e Los Angeles no outono, até o evento de tecnologia CES em Las Vegas no início de janeiro, que eu conto os dias para chegar e estar lá. As coisas ficaram obviamente um pouco diferentes nos últimos anos: novos veículos estrearam em transmissões ao vivo, realizadas em vez de em feiras de automóveis, através de conferências que aconteceram remotamente através de ferramentas como o Zoom e outras. Mas, graças a essas coletivas de imprensa virtuais e conversas com analistas da indústria automobilística, nós ainda aprendemos muito sobre os carros do futuro próximo e também como a tecnologia se fez e faz útil nos nossos veículos.

Embora as promessas de robotaxis e carros voadores possam estar dominando seu feed de notícias de mídia social, nos concentramos em aprender mais sobre a tecnologia que temos certeza que fará a diferença em sua vida em um futuro próximo - talvez até em seu próximo carro. De telas sensíveis ao toque e tecnologia de segurança a baterias e picapes compactas, aqui estão oito tendências automotivas para ficar de olho em 2023 porque muitas delas já estão em modelos lançados este ano.

Mais telas gigantes

No ano passado, vimos a Mercedes-Benz e a Cadillac estenderem suas telas sensíveis ao toque para mesclar o painel de medidores e os controles do console central. Agora, as montadoras estão prometendo telas ainda maiores, incluindo a Hipertela de 56 polegadas proposta pela Mercedes-Benz, que se estenderá por todo o painel de um próximo EV e substituirá amplamente os botões físicos. Da mesma forma, a Cadillac diz que seu próximo carro-chefe Celestiq EV terá uma tela “pilar a pilar”.

Essas telas podem ter uma boa aparência no showroom e permitir flexibilidade às montadoras no design de interiores, mas os defensores da segurança estão preocupados com o fato de poderem ser uma distração para os motoristas. Até o apresentador da madrugada Steven Colbert, muito conhecido nos Estados Unidos, zombou das guerras na tela em seu programa após o anúncio da Mercedes: “Você sabe o que é um infoentretenimento super atraente para assistir enquanto dirige? A estrada!"

Não se deixe enganar pela aparência minimalista e elegante de uma única tela gigante, diz Kelly Funkhouser, gerente de programa da CR para testes de interface de veículos. A falta de maçanetas e botões tradicionais significa que os motoristas precisarão de foco e precisão extras para apertar os botões certos em uma tela sensível ao toque, especialmente quando as vibrações da estrada e os buracos podem atrapalhar a mira.

“Estamos vendo o interior dos carros se transformando em computadores complexos como smartphones, mas isso é o oposto do que deveria estar em um carro”, diz ela. “Aplicativos para smartphones são feitos para atrair e manter sua atenção pelo maior tempo possível, não é isso que queremos ver nos veículos.”

Realidade aumentada

Fornecedores automotivos, incluindo Continental e Panasonic, continuam trabalhando em displays de realidade aumentada que mostrarão gráficos no para-brisa para ajudar os motoristas a interpretar rapidamente o que estão vendo. Por exemplo, um sistema de navegação pode exibir uma seta apontando para a curva que você deve fazer ou um gráfico pode apontar ciclistas ou pedestres para facilitar a visualização.

Pode soar como algo saído de um videogame ou mesmo de um avião de combate, mas a tecnologia em grande parte já existe em carros: muitos veículos têm monitores frontais que projetam informações do veículo no para-brisa, enquanto mapas avançados e sistemas de radar e câmera já podem apontar ruas e identificar objetos na estrada. A Mercedes-Benz já usa a realidade aumentada ao sobrepor as setas de navegação sobre uma visão real da câmera da estrada à frente, um recurso que o CR elogia. A próxima geração de sistemas exibirá mais informações e rastreará o posicionamento dos olhos e da cabeça do motorista para garantir que os gráficos sejam exibidos corretamente.

Funkhouser diz que esses novos recursos são um passo na direção certa, porque fornecem aos motoristas informações importantes que eles podem usar para tomar decisões inteligentes e seguras. “Esperávamos ansiosamente pelo dia em que os veículos diriam aos motoristas o que seus sensores ‘veem’, para que eles pudessem se sentir confiantes de que os sistemas estão operando corretamente”, diz ela. “Com todos os novos truques sendo colocados nos carros, é revigorante ver a tecnologia sendo usada para ajudar o motorista em vez de distraí-lo.”

Carros que podem 'ver' os pedestres

Entre os muitos anúncios que a Jeep fez quando estreou a próxima geração do SUV Grand Cherokee em janeiro, estava a promessa de que seria o primeiro veículo de passageiros a apresentar uma câmera de imagem térmica que poderia detectar pedestres. Embora um porta-voz da Jeep tenha dito que o sensor ainda não está configurado para acionar a frenagem automática de emergência (AEB), ele dará aos motoristas uma visão melhor à noite. E ainda pode ser um divisor de águas para a segurança de pedestres, especialmente porque a maioria das lesões e mortes de pedestres relacionadas a acidentes ocorre após o anoitecer, quando a visibilidade é baixa e a tecnologia de detecção de pedestres existente (que depende em grande parte da tecnologia tradicional de câmera ou radar) pode luta para fazer o seu trabalho.

Em testes internos, o fabricante de câmeras termográficas FLIR descobriu que protótipos de sistemas AEB com imagens termográficas poderiam prevenir 100% das colisões com pedestres, resultando em ferimentos, independentemente da hora do dia. Em comparação, os sistemas AEB tradicionais com detecção de pedestres podem evitar uma colisão resultando em ferimentos em apenas 12% das vezes.

Testes recentes – como os incluídos em um relatório altamente divulgado da AAA – revelam as deficiências dos principais recursos de segurança, como o AEB com detecção de pedestres. As câmeras tradicionais não são tão capazes de ver os pedestres à noite, e o radar pode perder objetos que não estão se movendo. Mas as câmeras termográficas podem capturar o que outros sensores não veem. “Com o aumento das mortes de pedestres, é importante ver mais soluções sendo testadas para melhorar esse recurso de segurança vital”, diz Funkhouser. “Este é um em que realmente todo o mercado está de olho.”

Esse assunto ainda vai render muito para falarmos e para não fazer um texto muito longo, voltarei no mês que vem com abordagens de outros aspectos das inovações tecnológicas em nossos veículos.

Muito axé pra todo mundo,

Maria da Graça