Olá pessoal, Eis-me aqui para escrever a última das três coluna em substituição ao nosso querido colunista, Alexandre Bianchini, que pelas fotos que vi em suas redes sociais, aproveitou bastante os dias de folga com a sua filha em uma praia do litoral paulista (ele está “cor de rosa” de tanto sol). Neste final de semana tivemos a abertura da temporada do WRC, o Campeonato Mundial de Rally, no tradicionalíssimo Rally de Monte-Carlo. Recomendo a todos a leitura da coluna dos nossos parceiros italianos, que junto conosco fazem – segundo a própria assessoria de imprensa do evento – a melhor cobertura do mundo na mídia eletrônica. Um enorme reconhecimento e, para nós, um agradecimento por ter a chance de dar o retorno de informação e visibilidade que o Rally merece. E aqui no Brasil, no nosso Templo da Velocidade, o Autódromo Internacional de Interlagos, abrindo a temporada 2023 de eventos, as Mil Milhas de Interlagos, um sonho renascido e feito realidade após muito trabalho da minha querida amiga Elione Queiroz, que “enfrentou o mundo” para fazer o evento. Lembro bem da primeira edição de retorno, com apenas 13 carros, mas ela não desistiu. Insistiu, buscou parcerias e o evento foi crescendo em tamanho e importância e foi atraindo não apenas mais e mais equipes, mais e mais competidores, mas também grandes nomes do nosso automobilismo. Quero deixar aqui um abraço carinhoso e um enorme beijo para minha querida amiga Elione. Sobre a corrida, combinei com nosso colunista das categorias e eventos nacionais, Paulo Alencar, que deixaria para ele a crônica da corrida. Nessa minha coluna de despedida, antes do retorno do nosso grande jornalista, Alexandre Bianchini, falarei sobre o despertar que pode estar acontecendo no automobilismo brasileiro, um movimento que nossos vizinhos argentinos iniciaram há décadas e – por lá – é muito bem estabelecido, enquanto que no Brasil, depois dos anos de força nas décadas de 60/70/80, as coisas saíram dos trilhos por um conjunto de fatores que, se formos comentar um por um, daria uma série de artigos. Depois de vermos e vivermos 20 anos dourados com oito títulos mundiais de Fórmula 1 conquistados e vários de nossos pilotos sendo destaque nas categorias e chegando à Fórmula 1, conquistando vitórias como foram os casos de Rubens Barrichello e Felipe Massa. As coisas mudaram e há anos não temos um piloto titular na Fórmula 1, apesar de termos alguns destaques nas categorias de acesso, inclusive com o título conquistado por Felipe Drugovich na Fórmula 2 no ano passado. Entretanto, uma conquista – mesmo que da forma avassaladora como a dele – incontestável não foi o suficiente para que ele conseguisse uma oportunidade como piloto titular na Fórmula 1. Os altos custos para manter um piloto no caminho que leva à Fórmula 1 também tem feito com que alguns pilotos acabem por ficar de fora desta “corrida pelo topo do mundo”. Gianluca Petecof e Igor Fraga derrotaram nas pistas pilotos que hoje estão às portas da Fórmula 1. Situações como estas tem aberto os olhos dos nossos pilotos há algum tempo e o investimento em se tornarem pilotos profissionais correndo dentro do país foi se tornando algo cada vez mais buscado. O problema, por enquanto, ainda é a carência de categorias que permitam que os pilotos sejam mais e melhor remunerados no país. A Stock Car já atingiu um nível que permite aos seus pilotos – a maioria, ao menos – consigam se profissionalizar, mas o caminho até chegarmos no nível de organização das categorias que vemos na Argentina, infelizmente, pode estar mais longe do que gostaríamos e certamente do que deveria. Temos uma economia muito mais forte que a dos nossos vizinhos e potencialmente mais capacidade de atrair empresas que se tornem parceiras. Enquanto isso não acontece, estamos vendo um interessante movimento há alguns anos do crescimento e fortalecimento de categorias de automobilismo no seguimento turismo com carros de baixa cilindrada, pouca preparação e custos mais acessíveis. O campeonato gaúcho de turismo 1.4 rompeu as fronteiras do estado e tornou-se um certame nacional, com grids somando mais de 40 carros. Separados em classes, o brasileiro chamado Turismo Nacional, reuniu nos últimos anos mais de 60 carros inscritos e a nível regional, a categoria Gold Classic também tem atingido este número. Há poucos dias foi lançado mais um campeonato nacional com carros de turismo com motores 1,6 litros: o Marcas Brasil, que já apresentou calendário. Vejamos se, hoje, o Brasil tem mercado para mais uma categoria nesses moldes e não vai haver uma fragmentação dos grids, enfraquecendo as categorias já estabelecidas. Grande Abraço, Flávio Pinheiro |