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Os carros falsos da F1, as mudanças reais para a NASCAR e o adeus a Ferreirinha e Jabouille PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 05 February 2023 23:37

Olá leitores!

 

Como estão? Quase certamente melhores que esse vosso escriba, ainda mais após liquidar as compras do material escolar da minha filha, IPTU, dentre outras contas... o famoso Janeiro Vermelho (cor do extrato bancário após tantos gastos), mas enfim, vamos em frente.

 

Na expectativa de começarem efetivamente as corridas, ficamos com os testes de pré-temporada e a “fake season”, ou seja, aquelas apresentações de carros para a temporada 2023 feitas apenas “para inglês ver”, com pouco ou quase nada a ver com os carros que efetivamente estarão nas pistas no começo da temporada. As apresentações das equipes de MotoGP, por exemplo, foram a expressão do anticlímax: não dá nem pra fazer jogo dos 7 erros entre as motos 2022 e 2023... pois nem 7 itens estéticos foram modificados. A Yamaha ainda conseguiu deixar a moto 2023 menos atrativa visualmente que a 2022, o que não foi um trabalho fácil. Nesse domingo a MotoGP começou o shakedown das novas motos lá em Sepang, apenas com pilotos estreantes, e o experiente estreante Cal Crutchlow (sim, ele aposentou mas resolveu voltar) fez o melhor tempo com a Yamaha. Claro que só saberemos a verdade das forças quando a temporada começar, mas...

 

Indo para os bastidores, a Ford anunciou que pode voltar à categoria fornecendo motores em 2026, e eu sempre coloco no tempo condicional essa volta, pois, afinal, sabemos que atualmente essas empresas são voltadas única e exclusivamente pelo balanço e distribuição de lucros semestrais; se alguma coisa der errado em algum dos semestres até lá, podem acreditar que a chance do retorno ser cancelado é monumental. Se descobrirem que o retorno publicitário e de imagem pode não ser o esperado, idem. No presente momento, acredito mais na (finalmente) estreia da Andretti na F-1, após a FIA peitar as equipes que lá estão – e não querem dividir em mais fatias o bolo da arrecadação de dinheiro da categoria por nada no mundo – impondo uma taxa de inscrição para novas equipes (em tese apenas mais duas equipes, para gente como o “Sugar Daddy de Spice Girl” Christian Horner não ficar falando bobagens como andou proferindo essa semana que passou) poderem entrar a partir de 2025. Para o mundo da F-1, o valor de 264 mil libras esterlinas é alto, mas nada proibitivo. Não vejo empecilho para a equipe Andretti arrecadar esse valor e entrar na disputa pela vaga – que espero que seja mais coerente e transparente do que a da vez anterior, onde definitivamente as equipes escolhidas estavam entre as menos aptas para sobreviver. Mais sábio ficar de olho, e com ambos os pés atrás, afinal Horner é um Briatore mais discreto e vai mexer nos bastidores para evitar a redistribuição dos lucros.

 

E assim como a NASCAR começa com a principal prova do ano, as 500 Milhas de Daytona, o International GT Challenge começa com a sua mais prestigiosa etapa, as 12H de Bathurst. Esse ano felizmente a corrida foi mais fluida, apenas 5 vezes o safety car foi necessário (bem pouco levando em conta a duração da corrida, que nessa edição completou 323 voltas), e isso levou aos 3 primeiros colocados separados por apenas um segundo e meio após esse tempo todo de corrida. O degrau mais alto do pódio foi ocupado por Jules Gounon/Kenny Habul/Luca Stolz, com Mercedes AMG GT3, cerca de 9 décimos de segundo à frente do Porsche 911R GT3 pilotado por Matt Campbell/Mathieu Jaminet/Thomas Preining, seguido de perto por outro Mercedes AMG GT3, esse pilotado por Mario Engel/Mikael Grenier/Raffaele Marciello. Uma parte considerável das atenções estavam voltadas para o BMW M4 GT3 #46, pilotado por Augusto Farfus/Maxime Martin/Valentino Rossi, e o Dottore não fez feio não, voltas rápidas, consistentes, o carro se manteve boa parte da prova no top-5 e possivelmente teria alguma chance de brigar por um lugar no pódio não fosse uma parada não programada para um conserto elétrico faltando pouco mais de 2h para o final, que os colocou com uma volta de desvantagem para os líderes, volta essa que acabou não sendo possível recuperar. Desta maneira, o sexto lugar obtido ficou justo, mas claro que todos nós gostaríamos de ver Rossi no pódio...

 

E por falar em NASCAR, saiu um pacote de decisões da categoria para a temporada 2023, e uma especificamente merece uma atenção um pouco maior: em pistas ovais curtas, como Martinsville, Phoenix, Richmond, New Hampshire e North Wilkesboro (histórica pista que será o cenário do All-Star Race de 2023) será permitida a corrida em condições de chuva leve, após um teste bem sucedido nessa condição conduzido em Phoenix... especialmente Richmond e New Hampshire tendem a gerar corrida nessas condições. A conferir. Outra coisa interessante é que nos circuitos mistos os segmentos não terão mais a bandeira quadriculada verde e branca, seguida de bandeira amarela, ao final das voltas previstas do segmento. A pontuação será distribuída, mas sem a interrupção da corrida como vinha sendo feito até agora. Pessoalmente gostei da medida, creio que terá resultados positivos nas disputas. Outra coisa positiva (ou que EU considero positiva, para deixar claro) é a alteração no tempo para reparo do carro no pit lane, que aumentou para 7 minutos e com a possibilidade da troca do braço de suspensão no pit lane (antes tinha que ir para a garagem para trocar). A regra para classificação para os playoffs também foi simplificada, bastando para isso vencer a corrida, não tendo mais a necessidade de estar entre os 30 melhores na Cup para isso, basta participar de todas as etapas do campeonato. Teve mais algumas coisas de pouca relevância, e aquela que chamou mais atenção: a NASCAR incluiu a manobra do Ross Chastain na pista de Martinsville no item do regulamento que prevê punição a manobras que coloquem os outros pilotos em risco. OK, como eu mesmo comentei ano passado, essa manobra funciona apenas e tão somente em Martinsville, e em nenhuma outra pista seria possível essa manobra, mas para prevenir que outros pilotos tentem fazer aquela sandice novamente, optaram por colocar em um item do regulamento que prevê punição de tempo para a manobra, ou seja, se fizer, perderá tempo e posições.

 

Aconteceu esse domingo o Busch Clash, prova extracampeonato que marca a abertura da temporada, no Coliseum de Los Angeles. Pensei em acompanhar, mas com a bandeirada final prevista para a madrugada da segunda-feira, dia de trabalho para esse vosso colunista, e sem valer lhufas em termos de pontuação, se for o caso eu comentarei na próxima coluna. Fuso horário da Costa Oeste é sofrido para nós aqui na região do Atlântico...

 

Infelizmente teremos que acionar a “sessão necrológio” novamente, começando aqui com o Brasil: após lutar contra um câncer na próstata, aos 86 anos nos deixou nesse sábado Antônio Ferreirinha, uma das mais notáveis figuras do automobilismo brasileiro, que nos anos 70 fundou com seu irmão Herculano (falecido a mais de 20 anos) a Heve Veículos de Competição, nas proximidades do finado autódromo de Jacarepaguá, onde foram produzidos fórmulas e bipostos de competição com a marca Heve. Tive a oportunidade de o conhecer nas vezes que fui assistir ou participar do Rali de Regularidade organizado pelo Jan Balder em Interlagos, e sempre falei muito pouco: era um prazer escutar ele contando histórias do automobilismo de outrora. Dois dias antes, na quinta-feira, foi a vez de Jean Pierre Jabouille, aos 80 anos, partir para o grid do Além. A geração atual deve conhecer muito pouco ou literalmente nada a respeito dele, mas ele foi o último de uma leva de pilotos que chegaram ao topo do automobilismo tendo formação em engenharia mecânica, fator que certamente o auxiliou muito na sua carreira, numa época em que praticamente inexistiam sensores eletrônicos para gravar os dados do carro na pista durante os testes. Nunca chegou a ser a “estrela do show” nas categorias (embora tenha conquistado o título de campeão da Fórmula 2 em 1976), mas foi o principal artífice do desenvolvimento do motor Renault Alpine turbo na segunda metade dos anos 7º, e em 1979 conquistou em Dijon-Prenois a primeira vitória totalmente francesa na Fórmula Um, com carro, motor, pneus e piloto franceses, naquela mesma corrida que ficou marcada na história do automobilismo pela dura porém leal disputa pela segunda posição entre Gilles Villeneuve e René Arnoux. Abandonou a categoria em 1981, ainda sofrendo das sequelas de um forte acidente causado por uma falha da suspensão do Renault no GP do Canadá de 1980. Antes e depois da F-1, teve boa carreira nas provas de longa duração. Para ambos, requiesce in pace...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.