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Tradição e emoção em Mônaco, IIndianápolis e Nurburgring, com ou sem chuva PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 29 May 2023 09:56

Olá leitores!

 

Como estão? Espero que todos bem, saudáveis e com as vacinas em ordem. Esse foi um dos mais importantes finais de semana do automobilismo mundial, por abrigar duas das mais tradicionais corridas do calendário, o GP de Mônaco e as 500 Milhas de Indianapolis. Só não foi completo, pois a chuva impediu as atividades em Charlotte, onde a NASCAR faria a também tradicional 600 Milhas de Charlotte, adiadas para a segunda feira (feriado nacional lá na Terra do Tio Sam)... isso é, se a chuva permitir, pois a previsão para a segunda também é de chuva. Talvez consigam alguma janela de tempo que permita a realização de pelo menos 301 milhas, o que tornaria a corrida válida pelo campeonato. Vamos ver o que acontece... isso é, eu não verei pois estarei no meio do meu expediente, mas procurarei alguma reprise posteriormente.

 

Antes de mais nada, peço desculpas a vocês por ter esquecido completamente, na semana passada, de falar de uma das mais radicais corridas de longa duração que existe, as 24 Horas de Nürburgring, cuja 51ª edição aconteceu nos dias 20 e 21 de maio. OK, as 24 Horas de Le Mans comemorarão mês que vem o centenário da primeira edição da prova, que aconteceu em 1923 (claro que ela não foi disputada durante a Segunda Guerra Mundial, portanto não será a 100ª edição, apenas para deixar claro antes que alguém questione), e lá existem carros protótipos, muito mais glamour, muito mais atenção dos meios de comunicação... mas a pista é relativamente segura, os piores pontos têm áreas de escape com brita, e a largura da pista costuma ser igual ou maior a 10 metros. Já as 24 Horas de Nürburgring possuem a largada, a chegada e o pit lane na parte da pista reformada em 1984, que é larga e segura... mas a grande maioria da volta é feita no Nordschleife, que quase não teve evolução desde que Niki Lauda quase foi desta para uma melhor, e que continua estreito. Haja vista que nas últimas 3 décadas os carros como um todo passaram a sofrer de elefantíase e levando em conta que daqui a pouco os carros GT3 devem atingir a largura de um Humvee, podemos entender que a disputa na pista localizada nas montanhas Eifel é um desafio muito, mas muito maior. Outra coisa: em Le Mans correm 62 carros divididos em 4 categorias (tem uma categoria especial, para algum veículo que não se enquadre nas demais mas seja um desenvolvimento de tecnologia, mas tem apenas um carro e não dá pra levar exatamente em conta), 2 de protótipos e duas de GT3, uma voltada para os gentlemen drivers e outra com maior participação de pilotos profissionais em conjunto com os gentlemen drivers... nas 24 Horas de Nürburgring largam 135 carros divididos em 20 classes... e aí você tem desde os GT3 pilotados por profissionais do volante na categoria SP9 (dividida internamente entre Pro e Pro-Am) até a curiosa classe SP3, que teve 4 carros inscritos, sendo metade deles Toyota Corolla Altis e a outra metade dividida entre um Opel Manta (sim, aquele carro dos anos 80) e um... Dacia Logan. E esse último foi o protagonista do momento mais triste da corrida: os pilotos da equipe Ollis Garage Racing são ali da região, conhecem profundamente a pista e nunca em nenhuma das edições anteriores tiveram qualquer problema com os carros das categorias maiores, pois sabem como e onde dar espaço para os outros passarem. Esse ano um piloto novato, com apenas duas corridas de experiência no Nordschleife, ganhou a licença pra fazer parte da tripulação de um Porsche GT3. E a equipe colocou ele para dirigir em um dos turnos da noite. Vamos lá: noite, pista sem iluminação, estreita, carro largo... o Porsche disputava posição com outro carro, chegaram no Dacia, o carro da frente conseguiu desviar, o jovem piloto do Porsche viu “o espaço aberto” e entrou ali. Basicamente, deu PT no Logan e a direção de prova acabou multando o rapaz que bateu em 3000 euros por “acidente evitável”. Dinheiro de schnapps para quem corre nas categorias superiores. Pelo que foi postado pela equipe do Logan, o carro não será reconstruído, pois segundo eles o motor foi afetado na batida e não é mais fabricado. E assim se encerrou a história de um pequeno Davi que enfrentava os Golias nas provas de Nürburgring... A corrida também ficou marcada por ser a primeira edição nos últimos 20 anos não vencida por um carro alemão: em 2023 a honra de levar os ocupantes do degrau mais alto do pódio na Geral coube ao Ferrari 296 GT3 #30 inscrito pela Frikadelli Racing Team, que após 24 horas numa pista tão difícil cruzou a bandeirada quase 27 segundos à frente do BMW M4 GT3 2º colocado e mais de 1 minuto à frente do Mercedes-AMG GT3 que chegou em 3º. Já que na Fórmula Um a Ferrari só passa vergonha, o jeito é apelar para as categorias de turismo, Endurance, qualquer outra coisa...

 

E já que estamos na Alemanha, vamos começar as atividades desse final de semana pelo DTM, que fez sua rodada de abertura em Oschersleben, uma pista construída com o intuito de desenvolver o esporte a motor na região da antiga Alemanha Oriental que teria tudo para ser uma pista tapuia: travada, curvas de baixa velocidade, difícil de conseguir ultrapassar, uma saída de boxe não das mais bem planejadas, uma primeira curva que para ser mediana precisa evoluir consideravelmente, dentre outros predicados que a colocariam definitivamente num país latino-americano lusófono. Enfim, no sábado vimos o francês Franck Perera dominar a corrida do início ao fim com seu discreto Lamborghini Huracán GT3 Evo2 amarelo e preto. Aproveitou bem a pole position conquistada, largou bem, e com o auxílio da pista lá se manteve até a bandeirada final. Em 2º chegou o Porsche de Tim Heinemann, que assim como o 3º colocado Jack Altken (Ferrari) teve de colocar a faca entre os dentes e sair em busca dos pilotos da frente, encontrando pontos pra realizar ultrapassagens e conquistar seus suados lugares no pódio. Aliás, foi uma bela corrida: 5 marcas diferentes nos 5 primeiros lugares (em 4º ficou um Audi e em 5º um BMW). Infelizmente essa variedade toda não se repetiu na segunda corrida da rodada, realizada no domingo: ali foi um massacre Porsche, com 4 carros nas 4 primeiras posições, e dobradinha 1-2 da equipe Toksport, com Christian Engelhart vencendo pela primeira vez na categoria à frente de Tim Heinemann, com o 3º lugar ocupado por Thomas Preining (equipe Manthey, que também ficou com o 4º lugar).

 

A Fórmula Um foi até Monte Carlo para sua etapa mais glamurosa, o GP de Mônaco. Não dava para esperar muita coisa de uma pista estreita com carros enormes (os F-1 atuais devem ter dimensões próximas dos Indy na época da IRL), e realmente, sem entradas do safety car a única fonte de emoção veio do céu: a chuva chegou no último terço da corrida para bagunçar as estratégias das equipes e tirar da pista o Lance Stroll, que nesse domingo voltou à sua fase de pane cerebral e andou fazendo um bocado de bobagem até um toque mais forte na saída do hairpin do Hotel Fairmont (pois é, eu fiz a lição de casa e procurei no Google o nome atual do hotel construído onde ficava a antiga estação de trem, já que ele mudou de nome diversas vezes; a transmissão nem se deu a esse trabalho...) cooperou para a retirada do trapalhão filho do dono da prova. Aliás, mesmo no seco o povo estava se enroscando no hairpin, a chuva foi apenas um tempero a mais para o conturbado dia que a curva teve. O pior de tudo foi: se tirarmos a chuva e o povo se enroscando com uma curva que eles já deviam ter treinado no simulador, a corrida foi basicamente uma procissão. Hoje em dia os carros da F-3 possuem mais ou menos as mesmas dimensões dos carros da F-1 dos anos 80, e a corrida deles foi interessante. Porém, com esses ônibus que a categoria principal usa atualmente, a probabilidade de uma corrida de boa qualidade em Mônaco tende ao zero. Vitória, sem nenhuma surpresa, de Max Verstappen, que foi abrindo vantagem do resto do pelotão sem maiores dificuldades (até por conta de que o único que poderia, talvez, oferecer alguma competição, seu companheiro Sergio Pérez, largou em último por conta de um erro primário na classificação logo no Q1) e nem mesmo o princípio da chuva, com a pista muito lisa, o abalou. Fez tomar uns sustos, claro, mas não chegou a ter a liderança ameaçada. Em segundo lugar chegou Fernando Alonso, em mais um excelente resultado para a Aston Martin, e o degrau mais baixo do pódio ficou com Esteban Ocon, que se classificou muito bem e manteve o bom resultado durante a prova. Grande resultado para a Mercedes, ocupando a 4ª e 5ª posições, e como seria de se prever a vergonha alheia ficou com os pangarés de Maranello, que se atrapalharam sozinhos na classificação e se atrapalharam em conjunto na corrida. No andar da carruagem, ao final do campeonato nem mesmo a 4ª força no campeonato conseguirão ser.

 

Ao passo que a chuva marcou presença em Charlotte e Mônaco, fez o favor de não dar as caras em Indianapolis, onde a corrida aconteceu sem problemas. Isso é, pelo menos para os outros que não o dono do Cruze branco que foi atingido pelo pneu que voou do choque entre Rosenqvist (que estava rodando com a suspensão quebrada após ir de lado no muro) e Kirkwood (que tentou, mas não conseguiu desviar do sueco). Sim, os cabos que prendem as rodas são fortes, mas em uma batida nas velocidades de Indianapolis nem eles resolvem. A lista de abandonos por conta de batidas foi razoável: pilotos do pelotão dianteiro com Grosjean, Pagenaud e um dos favoritos para a vitória, Pato O’Ward, ficaram pelo caminho junto aos novatos e alguns experientes mas ocasionais na categoria. A direção da corrida se esforçou muito para que a corrida não acabasse em bandeira amarela, deflagrando uma sequência de bandeiras vermelhas no final com o nítido intuito de encerrar a prova em bandeira verde, e conseguiram. A vitória ficou com Josef Newgarden, que foi inovador na comemoração: ao invés de subir no alambrado como Helinho, ele criou a comemoração “Seu Boneco” e “foi pra galera” comemorar, para alegria do público que estava na arquibancada em frente à linha de chegada, que teve uma inusitada oportunidade de ver bem de perto o vencedor da corrida. A disputa entre Newgarden e o segundo colocado Marcus Ericsson na última volta foi bem aguerrida, e confesso que cheguei a pensar que mais um acidente aconteceria. Em 3º lugar chegou Santino Ferrucci, que fez milagres com o carro 14 da equipe de A.J. Foyt e teve boas chances de vitória, as no fim o carro acabou não rendendo tanto como rendia no meio da corrida, lamentavelmente. Seria interessante ver o carro 14 vencendo novamente. Helinho Castroneves, com 2 pit stops a mais que os líderes, cruzou a bandeirada em 15º lugar, logo à frente de Tony Kanaan, que escolheu a tradicional corrida para sua despedida da categoria e protagonizou um “pass on the grass” quando a defesa de posição à frente dele foi mais, digamos, incisiva. Aliás, a “geração simulador” tem dirigido no mundo real do jeito que dirige no simulador. O problema é que no mundo real não tem botão de reset, e se der ruim deu ruim de verdade. Enfim, quem sabe depois que acontecer o pior eles acordem pra vida.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.