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Uma Le Mans como nunca e tivemos ainda MotoGP, TCR South America e NASCAR PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 12 June 2023 09:19

Olá leitores!

 

Como estão? Espero que todos estejam bem. Por aqui, apesar de um resfriado que não quer ir embora, nada fora do normal. O melhor do final de semana foi a “estradaterapia” que finalmente esse vosso escriba conseguiu fazer, algo que eu precisava desde, pelo menos, fevereiro. Mesmo com as excrecências chamadas radares, que na República Sebastianista da Banânia costumam obedecer a critérios arrecadatórios ao invés de técnicos, foi um merecido e necessário momento de terapia para o cérebro.

 

O Mundial de Motovelocidade foi até a bela Toscana para mais uma corrida da temporada, dessa vez em Mugello. E logo no sábado aconteceu o que já era esperado desde que a FIM teve a infeliz ideia de copiar a Fórmula Um e instituiu a corrida Sprint para a MotoGP. Uma coisa é você ter uma corrida curta em uma categoria de carros, outra completamente diferente é você ter essa corrida curta em uma categoria de motocicletas. Até por conta do risco envolvido numa corrida de motos ser muito maior que na de carros. E numa prova mais curta, valendo menos pontos que a prova principal a ser disputada no domingo, Alex Rins tomou um tombo, fraturou tíbia e fíbula da perna direita, e deve ficar no estaleiro por um tempo razoável para a recuperação. “Ah, Alexandre, você é muito chato, ele poderia ter se machucado no treino ou na corrida do domingo”. Sim, poderia, mas aí seria um acidente em busca de uma posição melhor de largada ou lutando pela pontuação integral oferecida aos pilotos, não seria em busca de um lugar para conseguir uma pontuação reduzida. Continuo achando essa corrida sprint algo absolutamente desnecessário na MotoGP. Isto posto, vamos ao que interessa, as corridas do domingo. Na Moto3, como de costume, uma corrida daquelas proibidas para cardíacos, decidida apenas nos últimos momentos. Os 4 primeiros colocados alteraram posições entre si a prova toda, e no final parecia que Deniz Öncü conseguiria sua primeira vitória. Entretanto a anatomia prevaleceu e quem ficou na frente foi o espanhol Daniel Holgado, com Öncu em 2º e Ayumu Sasaki na terceira posição. Diferença do 1º para o 3º colocado: 56 milésimos de segundo. O brasileiro Diogo Moreira chegou em 7º, grudado no líder do segundo grupo de motos, Collin Veijer. Na Moto2 a história foi diferente, e com uma vitória dominante e absoluta Pedro Acosta não deu chance alguma aos rivais, principalmente ao líder da classificação Tony Arbolino, que conseguiu reduzir o prejuízo na pontuação ao chegar isolado na 2ª posição. O degrau mais baixo do pódio ficou com Jake Dixon, que veio escalando posição a posição na corrida e na última volta conseguiu tirar a 3ª posição do pole position Aron Canet numa bela disputa de freada. Após duas vitórias espanholas em território italiano chegou a vez da categoria principal, a MotoGP, e o que vimos foi um baile da Ducati. 6 motos da fábrica de Borgo Panigale nas 10 primeiras posições, sendo que os 4 primeiros lugares ficaram com eles. O momento cômico da corrida aconteceu quando Marc Márquez mais uma vez quis que sua moto desafiasse as leis da Física, mas desta vez ela não obedeceu e foi parar na caixa de brita, sofrendo danos suficientes para evitar que o piloto espanhol pudesse retornar à corrida, abrindo os braços de maneira indignada como se a moto o tivesse traído. A vitória ficou com Pecco Bagnaia, que dessa vez manteve a cabeça fria, não cometeu erros, e voltou a ampliar sua vantagem na pontuação. Sabe-se que em se tratando de Bagnaia isso é muito volátil, mas já é um alento para o pessoal da pequena fábrica italiana que depende de bons resultados para manter seu programa de competições. Foi acompanhado no pódio pela dupla de pilotos da Pramac, com Jorge Martin à frente de Johann Zarco. Martin tentou bravamente tirar a primeira posição de Bagnaia, mas nunca conseguiu ficar no ponto de conseguir fazer uma manobra decisiva de ultrapassagem, e entre uma tentativa “kamikaze” e um 2º lugar certeiro preferiu a segurança. Zarco conseguiu o pódio após uma bela disputa contra Luca Marini, que certamente gostaria de subir ao pódio perante o dono da equipe Valentino Rossi, que estava na pista e – evidentemente – foi alvo das câmeras diversas vezes. Melhor moto japonesa foi a Yamaha de fábrica de Franco Morbidelli, que conseguiu a duras penas arrancar um 10º lugar com um equipamento longe de ser competitivo.

 

Aqui no Brasil aconteceu em Interlagos mais uma etapa do TCR South America e, por ser a primeira etapa do ano em território brasileiro, a etapa inaugural do TCR Brasil, iniciativa que vejo com bons olhos mas na expectativa dos desdobramentos. Digo isso pois qualquer categoria internacional que assume uma “versão brasileira” acaba se deturpando em algum momento. A beleza do conceito TCR é que os carros são homologados de maneira global. Você pode pegar um carro que compete no campeonato sul americano e ir competir, sem adaptações, em qualquer TCR europeu, asiático, no Mundial ... essa é a beleza do campeonato. Realmente torço para que eu esteja errado e a “versão brasileira” não se afaste do caminho correto. Isto posto, vamos ao que aconteceu na pista. Como se tratou de uma etapa Endurance, ao invés das duas baterias de 30 minutos houve a disputa de uma bateria única de 60 minutos, com troca de pilotos. E essa troca de pilotos foi o que atrapalhou a vida da dupla Diego Nunes/Thiago Vivacqua (Corolla): não respeitaram o tempo mínimo que deve ser utilizado entre a entrada no pit lane até a saída, e receberam uma punição de 90 segundos por causa disso. Assim sendo, não adiantou terem cruzado a bandeirada na segunda posição, após a aplicação do tempo de punição caíram para o 9º lugar. Assim sendo, teve dobradinha da equipe W2 Pro GP no pódio, com Galid Osman/Felipe Lapenna na 1ª posição e Raphael Reis/Jorge Barrio na 2ª, ambos de Seat Cupra, com o Honda da dupla Juan Manuel Casella/Gaetano di Mauro ocupando o degrau mais baixo do pódio. Próxima etapa retornaremos ao formato padrão de duas corridas curtas, no dia 23/07 lá no Uruguai, na pista de Rivera.

 

Claro que a grande atração desse final de semana foi a prova mais importante do calendário de longa duração, as 24 Horas de Le Mans, edição comemorativa dos 100 anos da primeira corrida (não se tratou da 100ª edição da corrida pois a mesma não foi disputada no período de 1940 até 1948 por conta da Segunda Guerra Mundial e da necessidade de recuperação econômica após a guerra, e também deixou de acontecer em 1936 por conta daquelas greves que franceses sabem organizar como ninguém mais), com grandes e merecidas comemorações. E uma edição comemorativa dessas não poderia deixar de ter grandes convidados para a festa: era notável a quantidade de celebridades (do esporte a motor ou não) presentes na 91ª edição da prova. Até o Magneto, ops, Michael Fassbender, esteve presente na pista (literalmente, correndo com um Porsche 911 na GTE-Am). A corrida começou ligeiramente conturbada, com chuvas intermitentes causando rodadas, bandeiras amarelas, e fazendo um bocado de gente boa indo visitar os boxes para reparos. O pessoal de apoio também teve um bocado de trabalho retirando carros presos na brita ou danificados de maneira a não conseguir prosseguir na prova. Uma verdadeira prova em que não bastava ser o mais veloz, mas tinha que sobreviver. Dos 62 carros que largaram, 39 sobreviveram, inclusive o convidado especial da Garagem 56, aquele projeto onde é permitida a inscrição de um carro que, por uma ou outra razão, não se enquadra nas categorias de carros que habitualmente participam da prova. E esse ano foi a participação mais interessante desde os tempos do Delta Wing: um Camaro da NASCAR, devidamente adaptado para disputar a prova noturna sem a enorme iluminação das pistas ovais ianques, que dispensa qualquer iluminação própria do carro. Andou bem, na classificação rodou mais rápido que os GT3, mas na corrida enfrentou problemas de câmbio, que conseguiram ser solucionados mas os fizeram perder diversas voltas parados nos boxes. Uma experiência válida, sem dúvida, o trabalho de adaptação feito pela Hendrick Motorsport no carro foi estupendo, e acabou levantando hipóteses de algumas pessoas a respeito de um retorno do carro em próximas edições, ou de mais carros da NASCAR competindo em Le Mans... menos, pessoas, menos. Foi um convite por conta desse projeto Garage 56, que frequentemente revezam entre projetos os mais diferentes possíveis, seja em motorização, seja em conceito, seja em combustível (probabilidade de um carro movido a hidrogênio ou totalmente elétrico com baterias trocáveis ao invés de reabastecidas nas próximas edições é muito grande), e para um retorno como alguns fãs gostariam o Automobil Club d’Ouest (ACO) teria que criar uma nova categoria para competir... e não, não vejo isso acontecendo a curto prazo. Já foi feita bela equalização de forças entre os Hypercar e os Daytona Prototype, haja vista o belo resultado dos Cadillac lá em Le Mans, não vejo mais esse tipo de abertura de portas para veículos específicos. Mais fácil colocarem algo abaixo dos GTE-Am, tipo uma categoria TCR. O resultado final foi uma grata surpresa: vitória do Ferrari 499P Hypercar #51, 50 anos após a última participação italiana na categoria principal de Le Mans e 58 anos após a última vitória da marca italiana na Geral. Os méritos são devidos à equipe AF Corse, que representa a Ferrari em provas de longa duração com carros GT há um bom tempo, e trabalhou com uma competência de fazer inveja à equipe de Fórmula Um da Ferrari. Inclusive a mesma comemorou o triunfo nas 24 Horas de Le Mans em suas redes sociais e não faltaram comentários de torcedores dizendo que, no mínimo, a equipe deveria se inspirar na de Endurance para retornar ao caminho das vitórias na Fórmula Um... quem escreve o que quer, pode ter que ler o que não quer. Pier Guidi e Calado já tinham vencido pela AF Corse em Le Mans na categoria GT, e agora conseguiram sua primeira na Geral; Giovinazzi conseguiu uma vitória nas 24 Horas logo na sua estreia. O carro #50 da Ferrari, com Fuoco/Molina/Nielsen enfrentou alguns percalços e terminou a corrida em 5º, com 5 voltas de atraso em relação aos vencedores. A alegria na equipe Ferrari contrastava com a tristeza nos boxes da Toyota, que vendeu caríssimo a vitória, batalhou com muito empenho para alcançar o triunfo dos últimos anos, mas não deu. O carro #7 abandonou na segunda metade da corrida, e o carro #8, nas mãos de Buemi/Hartley/Hirakawa, teve de se contentar com o 2º lugar. Depois do Toyota, uma dupla de Cadillac, em 3º o #2 de Bamber/Lynn/Westbrook e em 4º o #3 de Bourdais/Dixon/van der Zande, Bourdais que literalmente corria em casa (afinal, ele nasceu em Le Mans). Menção honrosíssima para a Glickenhaus, que sem equipamento híbrido nos carros conseguiu terminar a prova em 6º e 7º lugares, à frente das poderosas Peugeot (8º lugar o carro melhor colocado) e Porsche/Penske (16º o carro em melhor posição). Na LMP2 vitória do carro #34 da Inter Europol Competition, mas mãos de Costa/Scherer/Smiechowski, que terminou em 9º na Geral, um ótimo resultado, acompanhado no pódio da categoria pelas tripulações dos carros #41 da WRT (Andrade/Delétraz/Kubica) em 2º e pelo carro #30 da Duqueine (Binder/Jani/Pino) na 3ª posição. Dentre os LMGTE-Am, vitória do Corvette C8.R #33 em sua despedida das pistas, já que a Chevrolet decidiu encerrar seu programa GT-3, dirigido pelos ótimos Catsburg/Keating/Varrone.  Em 2ª na categoria ficou o Aston Martin Vantage #25 da equipe ORT, nas mãos de Dinan/Esatwood/Harthy, e o degrau mais baixo do pódio quase ficou com as garotas da Iron Dames (o carro delas, Porsche 911 #85, acabou ficando em 4º após ter tido a chance de liderar a categoria lá no meio da prova), mas acabou nas mãos do Porsche 911 #86 da GR Racing, pilotado por Barker/Pera/Wainwright. Agora é esperar no mês que vem pela próxima etapa do WEC, as 6H de Monza, que com a vitória da Ferrari em Le Mans deverá ter um bom público nas arquibancadas. E não posso encerrar o assunto 24 Horas de Le Mans sem deixar um enorme agradecimento e os meus parabéns ao Band Sports, que bancou pela primeira vez que eu me lembre uma cobertura completa da prova para o Brasil. Lembro que a uns 10, 15 anos atrás era um sufoco tentar acompanhar a transmissão, em busca de links os mais diversos na internet, sempre com qualidade de imagem ou transmissão duvidosa. Pelo YouTube da emissora diversos narradores se revezaram durante toda a prova para trazer as informações do que acontecia na pista, mobilizando não apenas os narradores que já estavam transmitindo em português as provas no canal oficial do WEC como outros tantos especialistas e/ou entusiastas das provas de longa duração em busca de informação de qualidade para o espectador, além de terem feito 3 inserções relativamente longas de transmissão da prova no canal por assinatura mesmo. Não sou de elogiar muito frequentemente, mas dessa vez o Band Sports acertou em cheio na transmissão, muito obrigado mesmo.

 

A NASCAR foi até Sonoma, próximo da região vinícola da California, para mais uma corrida em circuito misto, uma antiga tradição da categoria essa corrida em circuito misto na Califórnia. Infelizmente o melhor palco desse espetáculo foi destruído há quase 50 anos para a expansão do mercado imobiliário, e no lugar da saudosa pista de Riverside se encontra um centro de compras e seu estacionamento (reza a lenda que em algum lugar do estabelecimento existe uma plaquinha informando da antiga utilização do terreno, mas como nunca fui na Califórnia não pude comprovar a veracidade ou não dessa lenda), e por conta disso serve o Sonoma Raceway mesmo. Foi uma boa prova, melhor que a média delas nessa pista, que não costuma produzir provas muito interessantes. A decisão de eliminar a bandeira amarela ao final dos segmentos, contando a pontuação mas sem interromper a prova nos circuitos mistos, certamente teve a ver com essa melhora. Primeiro segmento ficou com o improvável pole position, Denny Hamlin, e o segundo ficou com Kyle Busch, que está em uma batalha por pontos de playoffs já que ao mesmo tempo que está garantido nos playoffs com suas 3 vitórias na temporada não anda exatamente muito brilhante na pontuação do campeonato. O segmento final viu uma disputa de xadrez entre as equipes Joe Gibbs e Richard Childress, na medida que um procurava se manter na frente (Marti Truex Jr., que ano passado foi muito mal nessa pista mas que esse ano acertou a mão do carro e liderou 51 das 110 voltas da corrida) e o outro procurava alcançar a liderança sem destruir os pneus (Kyle Busch, que liderou 17 voltas mas não conseguiu enfrentar o perfeito acerto entre o Toyota #19 e Truex Jr.). A vitória acabou nas mãos de Truex Jr., seguido por Buschinho em 2º, Logano em 3º, Chris Buescher em 4º e com Chase Elliott encerrando o Top-5. Único carro a abandonar, curiosamente, foi quem melhor andou nos treinos: Denny Hamlin errou o golpe de vista na ligeira curva de pé embaixo antes da linha de largada, bateu no muro interno, foi sem controle até o muro externo, quebrou a suspensão traseira e os mecânicos não conseguiram recuperar o carro a tempo de retornar à corrida.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.