Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Um autógrafo e uma foto nunca são, apenas, um autógrafo e uma foto PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 24 June 2023 09:24

(Helio Castroneves fala de tradições da infância, da relação com os fãs e da música portuguesa na coluna desta semana)

 

Olá, amigos, tudo bem? Espero que esse mês de junho, que está terminando, esteja sendo de muita festa junina, quermesse e dança de quadrilha. Lembro que nos meus tempos de criança, em Ribeirão Preto, nossa mãe, Dona Sandra, vestia minha irmã Kati e eu para as festas na escola. 

 

Naquela época eu não tinha dimensão, mas depois de viver um pouco na Europa e de estar nos Estados Unidos desde o século passado (27 anos, melhor dizendo), passei a compreender a importância das tradições. Atualmente, Adriana e eu vivemos intensamente a comemoração do Halloween por causa da nossa filha Mikaella. 

 

É uma festa muito legal, para a qual as famílias se envolvem não apenas com fantasias próprias e para os filhos, como também para receber as crianças que aparecem pedindo “gostosuras” e alertando para “travessuras”. Muito cá entre nós, já levei alguns sustos ao me deparar com certos fantasiados e fantasiadas. 

 

E por falar em tradições, o automobilismo está repleto delas e vivenciamos em suas diversas formas ao longo da temporada do NTT IndyCar Series. Sem dúvidas, as mais antigas são as que giram em torno da Indy 500, mas por onde passamos vemos manifestações muito próprias de cada lugar. 

 

Assim como eu, tem muita gente na categoria que percorre há anos essa “estrada” chamada IndyCar. Por conta dessa longevidade, é comum irmos continuamente ao mesmo evento, às vezes com pouca alteração em seu formato, de um ano para outro. Isso não tem importância, na verdade, pois são as pessoas que fazem a diferença.

 

Digo isso porque, diante dos meus olhos e em eventos que pareciam iguais a tantos outros, vi famílias nascendo, sendo formadas e crescendo. Tem um caso, em particular, que ilustra bem o que estou dizendo. 

 

Quando estreei na Penske ao lado do Gil de Ferran, apareceu um jovem casal e tirou foto com a gente. Não tenho muita certeza do tempo que levou, mas um ou dois anos depois, o mesmo casal apareceu e novamente tiraram fotos comigo e com o “Cabeção”. Detalhe: estavam casados e esperando o primeiro filho. 

 

Para resumir essas histórias nos anos seguintes eles voltaram com a criança, depois com um casal de filhos, que cresceram e se tornaram adolescentes. E não é que dia desses os quatro voltaram e repetiram comigo a foto de quase 20 anos atrás?

 

Se você está aí pensando que isso é uma “coisa incrível”, concordo plenamente. E faz com que pensemos em coisas que, seguramente, nunca passam pela cabeça de um jovem em início de carreira, quando só quer acelerar e ganhar corridas. 

 

Agora, embora continue querendo acelerar e ganhar corridas, a gente tem dimensão de como as tradições nos alicerçam como cidadãos e como um simples gesto, como o de dar um autógrafo ou tirar uma foto, pode alcançar níveis afetivos inimagináveis.

 

Eu acho que acabei me enrolando um pouco – ou bastante? – no meu objetivo inicial, que era falar das famílias que vão às pistas com seus motorhomes, características muito próprias de pistas como Road America, onde corremos na semana passada. De todo modo, é muito importante que todo esportista tenha em mente o quão significativa é a interação com os fãs.

 

Na correria do final de semana, para a gente pode ser algo rotineiro, apenas mais ou autógrafo ou mais uma foto. Mas para quem recebe – e para nós mesmos, com o passar dos anos – tem dimensão muito maior. 

 

E casa bem com umas música portuguesa que ouvi outro dia de dois irmãos, Salvador e Luísa Sobral* – aliás, procurem na internet, pois são ótimos! A música fala de um beijo e dá muito bem para pegar uma carona na letra com esse nosso assunto desta coluna, bastando trocar “beijo” por “foto”: 

 

“Sei que foi só uma ‘foto’, mas não foi só uma ‘foto’, pra mim”.

 

Estou poético hoje! Hehehehe 

 

 

É isso, amigos, na semana que vem temos corrida em Mid-Ohio e quero muito continuar num ritmo de evolução iniciado, finalmente, em Road America, onde pude estar entre os 15 primeiros. Forte abraço e até lá!

 

Helio Castroneves

 

Reprodução autorizada da coluna de Helio Castroneves, originalmente publicada no site www.lance.com.br

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.

 

 

*Link da música que citei: (9969) Luísa Sobral com Salvador Sobral - Só Um Beijo | Eléctrico | Antena 3 - YouTube