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Lancia Stratos: meio século de fascinio... e triunfos PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 01 October 2023 11:39

Ao longo dos mais de 125 anos de história, não existem muitos carros que conseguem passar a ideia de linhas de design intemporais, como possuem um “coração” competitivo, que rendeu triunfos e títulos. Contudo, boa parte dessas criações tem “dedo italiano”, Casas como Pininfarina, Bertone e Italdesign contriuiram bastante para o desenho de muitas dessas máquians intemporais.  E uma delas comemora agora meio século de competividade, tornando-se também num dos carros que simbolizam o automobilismo: o Lancia Stratos.

 

O carro, uma colaboração com a Ferrari, e desenhado pela Bertone, foi uma combinação tão bem sucedida que ganhou corridas uma década depois de ter sido feito, algo que não costuma acontecer frequentemente.

 

UMA COMBINAÇÃO INÉDITA

 

Até ao final dos anos 60, a Lancia sempre trabalhou com Pininfarina par desenhar os seus carros, nomeadamente o Fluvia, que lhe deu vitórias nos campeonatos europeus de 1971 e 72, com o italiano Sandro Munari ao volante. Contudo, a marca, recém-absorvida pelo Grupo Fiat – tinha acontecido em 1969 – queria algo novo em termos de design. Ao mesmo tempo, a Bertone, uma casa de deisgn de Turim, queria trabalhar com eles, e para os atrair, decidiu fabricar um protótipo, o Stratos Zero, um “concept car” desenhado por Marcello Gandini, que foi mostrado no Salão de Automóvel de Turim. O carro era funcional e tinha uma caixa de câmbio do Fluvia HF, e o impacto foi tal que cedo as partes se decidiram em fabricá-lo.

 

 

O motor também foi cedo decidido. Iria ser o Ferrari Dino de seis cilindros, um motor poderoso – 190 cavalos – mas Enzo Ferrari estava relutante porque acharia que poderia rivalizar com o seu carro de estrada, o Dino V6. Contudo, no final de 1971, esse carro deixou de ser fabricado e decidiu que iria fornecer à Lancia 500 desses motores, para poderem construir o Stratos.

 

Em termos de design, o carro mostrava algumas semelhanças com outro dos carros desenhados por Gandini, o Lamborghini Miura. A abertura, quer à frente, quer atrás, para acessar ao motor e à bagageira, bem como os espelhos, faziam lembrar esse carro, mas o Stratos tinha uma distância entre-eixos bem mais curta que o Lamborghini, e a sua leveza (950 quilos), aliado com a sua potência, o tornavam num carro totalmente diferente.

 

 

Ao longo de 1972, o Stratos foi sujeito a um extensivo programa de testes, e alguns deles puderam participar em algumas corridas de pista, pois esta vam sujeitos aos regulamentos do Grupo 5. Contudo, a ideia era o Grupo 4, e em 1974. E para isso, tinham de fabricar os 500 exemplares necessários para que tal pudesse acontecer. O carro começou a ser fabricado em meados de 1973 na usina da Bertone, em Chivasso, nos arredores de Turim como o Stratos HF Stradale, e a sua potência foi “domada” para os 188 cavalos, a sete mil rotações por minuto. Mesmo assim, a sua aceleração dos 0-100 era alcançada nuns espantosos 6,8 segundos.

E quando o carro se estreou, todos sabiam que era fantástico.

 

TRIUNFADOR NO MEIO DA CRISE

 

A sua estreia não poderia ter calhado numa altura pior. A Guerra do Yom Kippur e o embargo petrolifero por parte dos países árabes colocaram entraves e as medidas para poupar energia foram tais que o Mundial de ralis de 1974 não esteve muito longe de não se realizar. Os ralis de Monte Carlo e Suécia não se realizaram e a prova de abertura acabou por ser o rali de Portugal, no inicio de março, e foi porque se garantiu um fornecimento de combustível de alta octanagem pro veniente da venezeuela. Os Stratos apareceram apenas em outubro, no rali de Sanremo, onde triunfaram com Sandro Munari ao volante. Repetiu o triunfo no Rideau Lakes, no Canadá, e um terceiro rali foi ganho, o Tour de Corse, mas com o francês Jean-Claude Andruet ao volante. Estes foram os suficientes para a Lancia ficar com o título de Construtores.

 

 

Em 1975, o Stratos voltou a ganhar, em Monte Carlo, e com Munari ao volante. Triunfou no rali seguinte, na Suécia, com o local Bjorn Waldegaard, e repetiu mais tarde no rali de Sanremo, batendo... o Fiat Abarth 124 do local Maurizio Verini. No final do ano, outro francês, Bernard Darniche, ganha no Tour de Corse com o seu Stratos. Como em 74, a Lancia acabaria por renovar o título de Construtores.

 

 

Em 1976, o carro continuava competitivo, e via-se logo em Monte Carlo, onde Munari ganhou. Aliás, nesse rali, o pódio era todo constituido por Stratos: para aém do vencedor, Waldegaard era o segundo, e Darniche o terceiro. Munari ganharia de novo em Portugal, mas os triunfos só voltariam em setembro, em Sanremo, com Waldegaard, na frente do italiano Munari e seu compatriota Rafaele Pinto. Munari acabou por ganhar na Córsega, na frente de Bernard Darniche. E nesse final de ano, a Lancia comemorava o seu terceiro título consecutivo de Construtores.

 

POLITICA INTERNA E ELEMENTOS DE ESTRADA

 

Ainda antes de começarem a correr no Mundial de ralis, alguns dos carros foram participar em provas de Grupo 5, reservados aos protótipos. Logo em 1973, alguns dos carros, com uma silhueta aerodinâmica, participaram em corridas como o Tour de France Auto e o Giro d’Itália Automobilistico, corridas à volta desses países, com etapas especiais nos circuitos, desde Dijon e Paul Ricard, em França, a Imola, Monza e Misano, em Itália.

 

 

Logo em 1973, Sandro Munari pegou num desses Stratos e levou-o à vitória – aliás, esse foi o primeiro triunfo do carro numa corrida automobilistica – e acabaria por ganhar em 1975, 77, 80 e 81, sempre com Bernard Darniche ao volante. O Stratos é o carro que triunfou mais vezes nessa corrida.

 

Quanto ao Giro, a primeira vitória à geral aconteceu em 1974, com Jean-Claude Andruet ao volante, voltando a triunfar em 1976, agora com Carlo Facetti, numa silhueta de Grupo 5, batendo os Porsche 935 de Bernabei e Borgia. Dois anos depois, triunfaria pela terceira ocasião, desta vez com Markku Alen e Giorgio Pianta a guiar o carro.

 

 

Também houve alguns Stratos em provas importantes, como as 24 horas de Le Mans. Em 1976, um carro inscrito para a dupla feminina Christine Dacremont e Lella Lombardi, acabou na 20ª posição.

 

No meio disto tudo, existiam algumas tensões no Grupo Fiat. Como é sabido, eles detinham a Lancia, e os Stratos tinham feito o seu trabalho, mas a casa-mãe tinha acabado de lançar o modelo 131, divulgado ao mundo do Salão do Automóvel de Turim, em 1974, querendo divulgá-lo nas pistas com o seu modelo Abarth. Aliás, esse modelo ganhou na guerra interna da Fiat, a favor do X1/9, desenvolvido pela Dallara.

 

Por causa disso, os Stratos ficaram nas mãos dos privados. E demonstraram ser ainda muito competitivos até ao inicio da década seguinte.

 

Em 1979, Stratos tinham sido inscritos no rali de Monte Carlo, pela Team Chardonnet, guiados por Bernard Darniche. Adaptado otimamente para o asfalto, Eles conseguiram bater a concorrência e ganhar a prova pela quarta ocasião, a primeira às mãos de uma equipa privada.

 

 

E não se ficaram por aqui: Tony Fassina ganhou no rali de Sanremo com um carro inscrito pelo Jolly Club, que por muito tempo se tornou numa equipa secundária da Lancia. Darniche repetiu o feito no Tour de Corse, acabando a temporada na sexta posição, com 40 pontos.

 

E ainda haveria um capitulo final. Em 1981, no ano em que se estreou o Audi Quattro, o primeiro carro de quatro rodas motrizes, e contra os prmeiros carros com motor Turbo, o Renault 5 e o Talbot Sunbeam Lotus, Darniche conseguiu bater a ambos e acabar como vencedor do Tour de Corse, batendo o Talbot do seu compatriota Guy Frequin, que era navegado por um... Jean Todt.

 

Por esta altura, o Stratos estava na sua oitava temporada no WRC, sendo uma máquina ativa no Grupo 4 até ao aparecimento do Grupo B, em 1982.

 

 

No final, 392 Stratos foram feitos para serem vendidos ao grande público. O carro foi tão desejado que foram construidos diversas réplicas, e sempre existiram apelos para que a Lancia ou o Grupo Fiat fizesse uma nova geração de Stratos, ou para venda, ou para competição. Para termos uma ideia até que ponto o carro e a sua sulhueta ficou nas mentes dos amantes do automobilismo, mesmo tendo passado meio século desde que foi feito. 

 

Saudações D’alem Mar,

 

Paulo Alexandre Teixeira

 

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Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.

    
Last Updated ( Sunday, 01 October 2023 13:02 )