Olá leitores! Como estão? Espero que tenham aproveitado bem as festividades de 25/12, e estejam lendo essa coluna completamente estafados de comemorarem a entrada de um novo ano. 2023 já foi melhor que 2022 (não que precisasse muito para isso, na verdade), e temos o direito de manter um otimismo, ainda que controlado, para o que nos reserva 2024. Sexta-feira, após meu expediente de meio período do último dia útil do ano, almocei e fui ao terreiro de Pai Alex em busca daquelas previsões que já nos habituamos... cheguei e fui conduzido à sua presença, deixando com o assistente dele, o Asdrúbal, a habitual contribuição etílica para o terreiro. Após as amenidades de costume, comecei perguntando o que virá para a Fórmula Um. Primeiro leu os búzios, depois leu as cartas em uns 5 baralhos de tarot diferentes, e vaticinou que deve haver uma continuidade na disputa pelo título, embora a defesa do campeonato de 2023 deva ser mais difícil que foi a defesa do título de 2022. A Mercedes deve ser aproximar mais da Red Bull e a McLaren continuará com sua curva ascendente de evolução. A Ferrari, por sua vez, talvez encontre o caminho na segunda metade da temporada, muito tarde para qualquer ambição ao título, com a primeira metade da temporada desperdiçada com os conflitos técnicos internos da equipe. No pelotão do fundo a disputa de pior equipe continuará entre Haas e Sauber, com a Williams se aproximando mais do meio do pelotão, e a irregularidade continuará sendo a marca da Alpine, alternando bons resultados em algumas pistas com apresentações abaixo da crítica em outras. Perguntei sobre a possibilidade de voltarmos a ter um brasileiro na categoria, e a resposta foi que a curto ou médio prazo não existem possibilidades. Questionei então a respeito das previsões para a Indycar, e depois de entornar duas doses duplas de whisky o procedimento de leitura se repetiu, entre uma baforada de cachimbo e outra. Tanto as cartas como os búzios previram uma acirrada disputa pelo título até a última etapa entre as equipes McLaren, Penske e Ganassi, com as duas últimas tendo mais chances de alcançar o primeiro lugar. E o vencedor das 500 Milhas de Indianapolis deve ser inédito, segundo Pai Alex. Pode vir alguma surpresa no campeonato por parte da Andretti e da Rahal, mas não nas 500 Milhas, e a Meyer Shank pode ter resultados melhores com a influência do novo sócio Helinho Castroneves. Mantendo as questões no território ianque, perguntei a respeito da NASCAR. Dessa vez a previsão veio após leitura em 3 baralhos diferentes (dos outros 5 usados antes) e um bocado de utilização dos búzios, além do “enxugamento” da garrafa que tomava. O atual campeão deve consolidar sua posição como principal piloto da Penske, haja vista que a política de “vou vencer a qualquer custo” do Logano acaba rendendo uma quantidade de “paybacks” razoável e portanto resultados menos expressivos na pista. Mesmo “jogando duro” nas disputas, Blaney tem menos habilidade de criar inimizades na pista que seu badalado companheiro, e convenhamos que o menino Cindric está lá por outro motivo que não o talento. A equipe Hendrick pode ter algumas dificuldades por questões técnicas envolvendo os Chevrolet, que devem ficar mais para trás em desempenho em relação aos Ford e Toyota nesse próximo ano. E Kyle Busch deve iniciar o seu caminho em direção à aposentadoria como piloto, já que os resultados tenderão a ser menos expressivos daqui para frente – provavelmente auxiliados pela queda técnica da marca que defende. Quem pode surpreender é a 23-XI, que apresentou nas leituras resultados favoráveis. Enquanto ele pedia ao Asdrúbal uma garrafa de rum, perguntei a respeito do Mundial de Endurance, que deve voltar ao território bananeiro se não aparecer nenhuma oferta de utilização do espaço de eventos de Interlagos para algum festival, comício ou missa a céu aberto qualquer na data prevista (14 de julho). Após consumir meia garrafa e utilizar todos os baralhos disponíveis, ele disse que a tendência é que a competitividade da Hypercar se aproxime daquela apresentada pela única outra categoria que continuou no WEC, a LMGT3, mas os pódios não devem ter significativas alterações, ao menos na primeira metade do campeonato. A etapa tapuia, segundo ele, permanece numa balança, podendo acontecer ou não, dependendo da “administração” (aspas do colunista) do espaço de eventos. Perguntei então a respeito do Mundial de Motovelocidade, e ele respondeu apenas a respeito da categoria principal. Afirmou, após outra metade de garrafa consumida e muitas leituras nos baralhos de tarô e nos búzios, que existem grandes chances da temporada 2024 ser uma das melhores dos últimos anos, com o crescimento das outras fábricas europeias se aproximando da Ducati e as equipes satélites Ducati com melhores pilotos que a equipe oficial. Perguntei se as japonesas poderiam apresentar reação, e ele não deu muitas esperanças, colocando uma pequena chance mais para o fim da temporada, se acontecer. Mas afirmou categoricamente que a chance do campeão atual ganhar de novo é muito pequena, acontece apenas levando em consideração fatores improváveis. Já chegando ao final do horário do atendimento (o cliente seguinte já estava na sala de espera) perguntei sobre as categorias nacionais, e ele leu apenas os búzios, afirmando que o automobilismo nacional deve seguir no caminho em que está, sem crescimento a vista nas maiores mas com boas possibilidades nas menos badaladas. O que realmente pode ser um bom incentivo para a sempre problemática formação de pilotos em um país que mais destrói que constrói autódromos, e quando o faz é pensando em necessidades específicas como track day. Agradeci a atenção e ele deu um passe antes da saída, junto com instruções para um banho de ervas. E infelizmente o ano de 2023 resolveu dar dois fortes golpes na comunidade fã de esportes a motor. Pela idade (84 anos) a partida nesse final de semana de Cale Yarborough, feroz competidor que conquistou seus 3 títulos em sequência (1976, 77 e 78, sendo superando nesse quesito apenas por Jimmie Johnson, que conseguiu 5 dos seus 7 em sequência), não foi exatamente uma surpresa, era algo que poderia acontecer a qualquer momento. O infarto que vitimou Gil de Ferran na sexta-feira, entretanto, não estava no script. Exatamente 3 anos mais velho que eu (ambos de 11/11, mas ele de 1967), passou mal enquanto dirigia carro esporte em uma pista particular na Flórida, local onde residia com esposa e 2 filhos, parou na entrada dos boxes e quando foram ver o motivo dele não entrar é que perceberam algo errado. Assim como Denny Hulme, morreu de causas naturais fazendo aquilo que mais amava, estar ao comando de um carro. Gostaria de ter encerrado 2023 sem essas notícias, sinceramente. Que 2024 seja um ano mais leve que 2023 foi, é o que desejo a todos vocês. Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |