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Coisas do automobilismo nacional e mais uma História do Arco da Velha PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 22 January 2024 20:54

E aê Galera... agora é comigo!

 

O final de semana era para ser – segundo o calendário inicial divulgado – a abertura do calendário nacional das competições que vou acompanhar durante o ano, com a primeira etapa da Fórmula Truck, a verdadeira categoria de caminhões no Brasil... não foi.

 

Com um site pouco atualizado e as redes sociais capengas, graças a uma assessoria de imprensa fraca (os adjetivos não eram bem esses...), mas principalmente com boa parte dos pilotos ainda correndo atrás para confirmar a participação na temporada 2024, com um acordo de cavalheiros a categoria conseguiu manter a etapa no centro de eventos aleatórios de Interlagos e passou a etapa de abertura para o primeiro final de semana de março, coincidindo a data com a abertura da temporada da Stock Car, que acontecerá em Goiânia.

 

Com isso, volto a fazer o resgate das minhas colunas “Histórias do Arco da Velha” para darmos umas boas risadas e dessa vez, a homenagem vai para o Tigrão Wilson Fittipaldi Junior, que está se recuperando passo a passo depois do susto que nos deu no dia de natal. Nessa história que vou contar, foi ele que tomou um grande susto e escapou de um acidente que provavelmente tiraria sua vida.

 

Wilsinho Fittipaldi escapa da morte (Link da publicação original)

 

Existem coisas nesta vida que a gente e nem ninguém explica. Uma delas é a morte. Tem gente que morre do nada, “sem avisar” (como se a morte mandasse aviso, não?). Mas tem gente que, no sentido oposto, escapa da morte por um ato destes que só depois de um fato ocorrido é que a “ficha cai”. Este foi o caso de Wilsinho Fittipaldi em 1987.

 

 

Os irmãos Fittipaldi, segundo o próprio Barão, foram incentivados à pratica de todos os esportes, entre eles os aquáticos. Emerson e Wilsinho velejaram na adolescência e juventude – tendo um desempenho não tão glorioso quanto o obtido nas pistas – além de terem feito muito esqui aquático nos anos 70 em companhia de vários pilotos nos canais de Bertioga e na baixada santista. Neste caso, com barcos a motor, que também atraia os pilotos pela velocidade.

 

Wilsinho Fittipaldi inclusive chegou a chefiar um estaleiro onde eram construídos iates de luxo para um público diferenciado e, é claro, barcos com enorme potência e velocidade e para um piloto de corridas, velocidade é algo que está no sangue... seja na terra, no ar ou na água. E foi justamente na água que uma nova tragédia nacional esteve perto de acontecer.

 

Acredito que todos os nossos leitores – pelo menos os com mais de 40 anos – lembram e/ou sabem quem foi Didier Pironi.

 

Piloto técnico e muito rápido, tinha tudo para ser o primeiro campeão mundial de Fórmula 1 francês, antes mesmo no ‘pau de venta torta’ do Alain Prost caso não sofresse o gravíssimo acidente que quase tirou-lhe a vida e que precipitou o encerramento de sua carreira na Fórmula 1 e no automobilismo em Hockenheim, na Alemanha, em 1982. Na ocasião, Pironi tinha uma boa vantagem sobre os outros competidores e a Ferrari, apesar de ser um carro considerado perigoso de se guiar, vinha dando ao francês tudo o que ele pedia.

 

Fora do automobilismo, Pironi encontrou outro meio de viver a vida em alta velocidade: o campeonato de lanchas offshore!

 

Eram lanchas velocíssimas, que atingiam velocidades acima dos 80 Knots (milha náutica por hora), algo perto de 150 Km/h (1 milha náutica=1853 metros) e que tinham três tripulantes: o piloto, que comandava o volante; o ‘throtle’, que era homem que comandava os motores, dando potência nos mesmos da forma certa e na hora certa quando os hélices estavam na água (porque em boa parte do tempo a lancha estava ‘voando’) e o ‘tático’, uma espécie de navegador de rally, que passava as informações da prova para o piloto, sobre o posicionamento dos adversários.

 

Em 1982, Didier Pironi tinha tudo para se tornar o primeiro campeão francês na F1. O grave acidente na Alemanha encerrou sua carreira.

 

Durante um GP de F1 em Mônaco de 1987, mesmo estando afastado das competições desde desde o fechamento da equipe Fittipaldi, em 1982, começava a voltar a frequentar o circo da categoria. Neste retorno a Mônaco, Wilsinho encontrou com Didier Pironi e os dois tiveram uma animada conversa sobre a categoria offshore. Pirroni competia em um barco chamado ‘Colibri’, em companhia dos também franceses Jean-Claude Guénard e Bernard Giroux. 

 

A categoria de competição contava com personagens como o ‘consorte’ Stefano Casiraghi, marido da princesa Caroline. Pironi disse para o brasileiro que, para a corrida seguinte, o time estaria desfalcado, pois o Bernard Giroux não poderia correr e convidou o brasileiro para juntar-se ao time para a etapa que seria corrida em Southhampton, em agosto.

 

Depois de voar pelos autódromos do mundo em um Fórmula 1, Didier Pironi investiu em voar mais uma vez, sobre a água.

 

Wilsinho ficou todo empolgado com a ideia e topou imediatamente. Durante os dias que se seguiram, falou com diversas pessoas no principado sobre o assunto... até encontrar com o belga Jacky Ickx... que depois de ouvir atentamente tudo que o amigo brasileiro falara, fez uma pergunta:

 

- Você quer morrer? Você tem ideia do risco que são estes barcos e esta competição?

 

Ickx deu uma pequena mostra para Wilsinho, relatando fatos e dados sobre a quantidade de acidentes e mortes nestas competições que fez o brasileiro repensar tudo que tinha dito para Didier Pironi. Ainda naquele dia, procurou o francês e disse que estava desistindo da ideia de correr, que tinha visto que, tinha compromissos profissionais no Brasil que o impediriam de estar presente na Europa na data da corrida. Pironi lamentou a desistência do amigo e tratou de procurar outro integrante para o time. No final das contas, Giroux acabou conseguindo participar da etapa.

 

No dia da prova, 23 de agosto de 1987, a tripulação do Colibri foi notícia no mundo inteiro: devido a uma onda maior e ao impacto do barco na mesma, o Colibri capotou e os três integrantes da tripulação morreram instantaneamente, fato que provocou a interrupção da competição!

 

Após o acidente, o regulamento da competição mudou e todos os barcos tiveram, obrigatoriamente, de serem dotados de um cockpit fechado, rígido e resistente à impactos.

 

A lancha Colibri após a capotagem. Os três tripulantes tiveram, segundo os médicos socorristas, morte instantânea.

 

Wilson Fittipaldi Junior, segundo pessoas próximas, ainda embarga a voz todas as vezes que relembra este assunto.

 

Sessão Rivotril.

Seguindo meu mestre inspirador, está na hora de receitar as pílulas da semana.

 

- Boas notícias pelos lados da família Tigre. O nosso querido Tigrão saiu da UTI e já está em um quarto no hospital sob os cuidados da D. Patroa e do Tigrinho, que fez aniversário na última semana.

- Sabem os pobrinhos da Porsche Gourmet? Vi neste final de semana a propaganda de um deles na TV, mostrando seu negócio (fabricação e venda de colchões). Será que um Ogro em cima do colchão não vai derrubar as taças de champagne? Sou voluntário para um teste.

- Tivemos a primeira (de várias, podem apostar) mudança nos calendários do automobilismo Tapuia. Querem fazer um bolão para tentarmos acertar quantas serão?

 

Felicidades e velocidade,

 

Paulo Alencar

 

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. 
Last Updated ( Tuesday, 23 January 2024 20:42 )