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Botaram fogo no circo! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 16 February 2024 00:42

No ano de 2023 tivemos, talvez, a “silly season” mais sem graça dos mais de 70 anos de Fórmula 1. Antes do final da temporada já era sabido que todos os pilotos iriam permanecer nas suas respectivas equipes.

 

Conhecido como “circo”, a Fórmula 1, que roda por quase todos os continentes do planeta (está faltando a África... por enquanto), tornou-se com o passar do tempo um ambiente onde a segurança tomou níveis muito elevados e acidentes com fogo são praticamente impossíveis de ocorrer...

 

Botaram fogo no circo em 2024!

 

 

Evidentemente no sentido figurado, o sonolento final de temporada de 2023 foi impactado com três assuntos que compensaram toda a lerdeza da “silly season” no ano passado: o anúncio – antes do início da temporada – da ida de Lewis Hamilton para a Ferrari em 2025, mesmo com as iniciais notícias de que o carro da Mercedes para esta temporada “corrigiu os problemas” dos dois últimos carros, e a polêmica investigação sobre Christian Horner, chefe da vitoriosa e dominadora equipe Red Bull dentro dos muros da equipe com potenciais consequências terríveis. O terceiro era “pedra cantada”, que seria o “não” à equipe Andretti dada pela Liberty Media e pelas equipes para que não tivéssemos a entrada de uma 11ª equipe no grid em 2026.

 

Pela história da categoria, coisas do gênero, de abalar o mercado de pilotos o mais perto que consegui lembrar foi quando o então campeão de Fórmula 1, Fernando Alonso, no meio da temporada e bem antes de conquistar o bicampeonato em 2006, teve seu contrato com a McLaren assinado e anunciado pra a temporada de 2007. Em outro ano, em outra situação, depois de um desentendimento com o Bom velhinho e seu amigo de longa data, Max “chicotinho” Mosley teve fotos em uma sessão de sadomasoquismo com fetiches nazistas, que o levaram a renunciar à presidência da FIA.

 

 

A transferência de pilotos mais impactante deste século (até agora) foi anunciada com grande impacto e, segundo a própria Liberty Media, o movimento agressivo do presidente da Ferrari, John Elkann foi fundamental para que o heptacampeão decidisse mudar de equipe. No final do mês de janeiro os rumores começaram a aparecer na imprensa e embora as duas equipes se recusassem a comentar o assunto, aquela sensação de “onde há fumaça, há fogo” era evidente.

 

A equipe da Mercedes F1 foi informada em uma reunião com o chefe da equipe, Toto Wolff, e o diretor técnico, James Allison, na tarde de quinta-feira. Apesar de Hamilton, 39 anos, assinou um novo contrato de dois anos com a Mercedes apenas no verão passado. Entende-se que seu contrato continha uma cláusula de rescisão após um ano, que o inglês optou por exercer. A possibilidade de Hamilton se mudar para a Ferrari em 2025 foi inicialmente noticiada na mídia italiana e espanhola na quinta-feira dia 1° de fevereiro.

 

Será que Lewis Hamilton tomou a decisão correta? O inglês sempre insistiu que queria passar o resto de sua carreira e além com a Mercedes – comparando sua situação à do falecido Stirling Moss, que foi embaixador da Mercedes por toda a vida. Mas depois de duas temporadas (especialmente 2022) frustrantes, as coisas podem ter mudado e, vamos admitir, a Ferrari é a Ferrari, por mais bagunçada que seja. Sua decisão de deixar a Mercedes é um grande golpe para a equipe com a qual ele assinou um novo contrato de dois anos há apenas alguns meses. Sua decisão é um grande voto de confiança para o chefe da equipe Ferrari, Frederic Vasseur – de quem Hamilton permanece próximo desde que trabalhou com ele nas categorias juniores – e o oposto para a Mercedes.

 

 

Ambas as equipes têm lutado contra a Red Bull nos últimos dois anos desde que as novas regras foram introduzidas, mas Hamilton deve ver algo no progresso da Ferrari no final da temporada passada que nós, meros torcedores não enxergamos. A Ferrari não ganha um título mundial de pilotos desde Kimi Raikkonen em 2008 e se ele conseguir este feito, não importa quantos títulos qualquer um vier a ganhar no futuro. Ele terá “feito o impossível”. Mas não se enganem aqueles que acharem que ele será abandonado pela Mercedes nesta temporada. Os alemães – assim como os italianos – querem derrotar a Red Bull antes mesmo da mudança de regulamento... e podem ter uma ajuda interna dos taurinos.

 

Uma questão de ordem interna dentro da equipe Red Bull envolvendo o chefe da equipe, Christian Horner, e uma funcionária da equipe. Um assunto que deveria ser tratado como interno e de solução prática se transformou em um trem desgovernado descendo a serra do mar. A equipe austríaca informou que uma investigação havia sido aberta em relação ao chefe de equipe devido a uma questão envolvendo uma funcionária e a informação que chegou à mídia mundial é que teria havido um “comportamento inapropriado”.

 

 

Muita prosa de todos os lados, com direito a comentários de Jos Verstappen (o pai do piloto), de Helmut Marko (o ciclope como chama o Alexandre Gargamel) e até do Bom Velhinho (que não perde uma oportunidade de aparecer) e as especulações em torno do caso levaram ao extremo de se considerar na “impensa especializada” (e desocupada) a saída de Christian Horner da equipe, da sua não presença no lançamento do carro, entre outras coisas.

 

A Red Bull contratou um advogado independente foi contratado para ouvir as partes envolvidas. Separadamente, a acusadora do “comportamento inadequado” de Christian Horner e o chefe da equipe foram ouvidos – separadamente – e o advogado ficou de “dar seu parecer”, mas – na prática – o que vimos foi o chefe da equipe estar presente na apresentação do novo carro (andaram especulando que ele não estaria), foi para Silverstone ver o carro na pista e – até eu fechar o texto dessa coluna – não havia acontecido nada com Christian Horner.

 

 

Para encerrar o pacote das coisas sem sentido, no final de janeiro o Grupo Liberty Media (os donos da Fórmula 1), recusou o ingresso e a oferta da equipe americana para 2025. No entanto, com uma longa declaração afirmando que a Formula One Management Group (FOM), não sentia que a escuderia justificava um lugar no grid, apesar do aval da FIA. A entrada de uma 11ª equipe na categoria iria “dividir o bolo” (leia-se dinheiro) que é distribuído para as equipes e, com isso, todas ganhariam um pouco menos. As equipes (a maioria delas) disse “não” à entrada da Andretti, mesmo com dirigentes como Zak Brown, da McLaren, se dizendo favorável à entrada dos norte americanos. Mas será que a questão era só dinheiro?

 

Os capítulos finais dessa “novela mexicana” foi no melhor estilo desfecho de CPI no Brasil: terminou em pizza! A Red Bull inocentou Horner das acusações feitas pela funcionária. Com isso, o britânico dará continuidade ao trabalho com a equipe neste fim de semana, na abertura da temporada 2024 no GP do Bahrein. Em sua nota oficial, a empresa disse estar confiante de que a investigação foi justa, rigorosa e imparcial. O relatório da investigação é confidencial e contém a informação privada das partes envolvidas e terceiros que auxiliaram na investigação, e que não comentaria mais o assunto.

 

 

Nos “bastidores da novela”, o que correu foi que houve um racha entre os sócios. Os austríacos queriam a cabeça de Horner enquanto os tailandeses queriam sua permanência, o fiel da balança parece (ninguém confirma, nem “o fiel”) ter sido uma colocação de Adrian Newey que teria dito: “se o Christian sair, eu também saio”. Sendo isso verdade, ninguém na Red Bull, de onde quer que seja, abriria mão do mago dos carros fantásticos (Frank Williams arrependeu-se até o dia de sua morte quando não topou dar uma parte da equipe para Newey nos anos 90). Verdade ou não, a equipe sofreu um desgaste desnecessária por conduzir mal a situação.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. 

  
Last Updated ( Friday, 01 March 2024 09:09 )