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Written by Administrator   
Monday, 30 January 2012 10:32

 

 

 

Dois feitos marcaram minha trajetória como piloto, o primeiro foi a fórmula Vê Aranae, fui o primeiro piloto a andar de com este carro no Brasil, um carro feito por Alexandre Freitas Guimarães, que tinha como sócios Carlos Stefano e Silvano Dale Molle, cuja fabrica era na Av. Morumbi em São Paulo. 

 

Fiz algumas corridas com ele, à mais importante foram os 500 km de Interlagos. Fiz a pole desta prova com ajuda do Paulo Goulart (imaginem que ele colocou óleo de hidramático no cambio, e isso contribuiu para o feito!) 

 

Infelizmente fui acometido de cálculo renal na madrugada do sábado que antecedeu a Prova, não dormi a noite e a base de injeções analgésicas, o que acabou por me prostar. O carro estava tão bom que, indicado por mim, outro piloto (Totó Porto) venceu a corrida com ele.  

 

O segundo feito foi à vitória com o Karmann-Ghia  Dacon n° 77 nos 1.000 km da Guanabara em fins de 1967, que disputei ao lado do piloto e meu amigo pessoal, Wilson Fittipaldi Jr. Ganhamos de ponta a ponta mesmo tendo quebrado o cabo do acelerador. Não vendo a minha passagem e com o toque da sirene, a minha então, noiva Tereza (depois veio a ser minha mulher) desmaiou, pois achou que eu sofrera um acidente, sendo amparada pelo Fabio Goulart. 

 

Foi de ponta  a ponta, porque o único carro que poderia nos ultrapassar era o Karmann-Ghia n°2, do Pace, mas ele também teve problemas com o carro quebrando o facão traseiro ficando um pouco mais atrás. Assim, eu e Wilson vencemos e o Pace com o Totó fecharam a dobradinha. A emoção que todos sentiram foi indescritível. 

 

 

Ludovino Perez Jr. foi o primeiro piloto brasileiro a testar o Fórmula Vê no Brasil. O Aranae, construído por Alexandre Guimarães.

 

Voltando um pouco no tempo, o Paulo resolveu inscrever  quatro Karmann-Ghia, dois de 2,0 litros com motor do Porsche de corrida do  904 e dois com motor do Porsche 911. Ele  encomendou para o Anísio Campos,  carrocerias de fibra de vidro, quando ficaram prontas  falamos ao Barbosa que elas iriam lançar de tão finas, o mesmo contestou, foi subir em uma delas para provar sua resistência, e elas simplesmente desmancharam. Colocada no chassi  com portas e etc, ela se firmou.

 

Paulo marcou um treino em Interlagos para definir as duplas, todos andaram em um único carro pronto com motor 2 litros e as duplas foram definidas: 

 

Carro n°2: Pace e Totó

Carro n°77: Wilson e Ludovino

Carro n°6: Anísio e Lameirão

Carro n°12 Fofô e Lian 

 

A expectativa era geral  para verem os bólidos da Dacon, os pneus dechapavam, e por sugestão do fabricante andamos com 65 lbs de pressão que deixou o carro difícil de ser guiado. Faltavam duas semanas para a corrida, achávamos que não correríamos.Foram importados novos pneus via aérea chegando a tempo para o penúltimo dia de treino, solucionando o problema. 

 

Na sexta, dia de classificação, Wilson fez a pole e o Pace (Moco) fez o segundo tempo. Integrantes da Equipe Dacon, os incansáveis Duílio, Modesto, Amador, Chuvichenco e Darci já estavam 48 sem dormir. Foram uns abnegados. 

 

No dia da corrida de estréia, com largada tarde da noite os Karman-Ghia andaram duas horas na frente, após saírem com Wilson e Moco (largada parada) em virtude da primeira marcha ser muito longa ficaram muito para traz. Porém, devido ao conjunto da Porsche ser muito bom, logo começamos a recuperação pelas primeiras posições. 

 

 

500 Km da Guanabara, 1967. A eletrizante entre as duplas da Dacon durou toda a prova. No final, vitória de Wilsinho e Ludovino. 

 

Os problemas foram inúmeros: quebra da ponta de eixo na curva do sargento, o para brisa voou em virtude da intensa torção da carroceria, quebrou a pedaleira e ficamos sem freio ao ir para uma das paradas de Box. Wilson assumiu, revezamos chegamos a ficar em ultimo e chegamos em oitavo. O Moco e Toto  também tiveram problemas e abandonaram, mas mesmo assim chegaram em quinto. O carro n°12 com Rodolfo “Fofô”Olival Costa/Lian Duarte em décimo terceiro e o carro n°6 com Anísio Campos/Chiquinho Lameirão vieram a quebrar, não terminando a prova. 

 

A seguir, tomados de muito otimismo, fomos ao autódromo do Rio de Janeiro disputar os  1.000 km da Guanabara.  

 

O calor dentro do cockipit era insuportável, tanto que o Paulo instalou soro fisiológico no Santo Antônio (eu, propriamente nem cheguei usar), que o Wilson tomou conta e bebeu tudo. Estávamos à frente quando quebrou o tirante dos carburadores, ai pensei, “será que vão começar novamente os problemas”. O Moco já tinha parado por problemas mecânicos, parei na pista e acelerei com aos dedos os quatro carburadores conseguindo chegar no Box. Reparado o problema o Wilson saiu e não perdemos a ponta. Só me preocupei quando cheguei quase no fim da reta e vejo o Bird, com o Alpine e  pensei “tenho que passá-lo agora se não no miolo vai dar mão de obra”. 

 

E assim fiz só que passei um pouco da freada e tive que fazer a curva escorregando e de lado o que era difícil com a largura da tala e do pneu, ai fomos para vitória, foi uma das minhas maiores emoções.  

 

No Box o Bird veio falar comigo e  disse:  

 

- Como você esta guiando a sua curva foi demais!

 

Aí disse-lhe:   

- Nem tanto. . . . . .  na verdade,  eu  errei! 

 

Depois, houve uma corrida em de Brasília coincidindo com a data do meu casamento . Não fui! (imaginem que não tinha clima para ir após a aquele desmaio da Tereza). 

 

Na sequência, a Dacon deixou as pistas de competição, eu também, dando continuidade na minha carreira empresarial, e os amigos Moco, Emerson e Wilson seguiram suas carreiras na Europa. Como tinha acabado de me casar e inaugurado o Deck (um empreendimento avançado na época) fiquei por aqui, porém fora das competições. O automobilismo brasileiro como estava não me atraia mais! 

 

 

Décadas de amizade, carinho e muito respeito entre estes dois protagonistas do automobilismo brasileiro. 

 

Obrigado aos grandes amigos e companheiros Paulo Aguiar Goulart, Tático, Duílio, Modesto, Chuvichenco, Darci e Amador.

E em especial ao meu amigo e companheiro (para quem tiro o capacete) o grande piloto e dono de equipe, criador do F1 Copersucar, Wilson Fittipaldi Junior.

 

Last Updated ( Monday, 30 January 2012 18:39 )