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A indelével fé em Deus e no trabalho PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 28 September 2012 04:56

 

 

Em 1985, o jornalista Fernando Mitre perguntou em um debate político ao então candidato à prefeitura da cidade de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso, se ele acreditava em Deus. O candidato, que sempre colocou-se como ateu, titubeou, balbuceou, falou, falou e não respondeu. Eu acredito... e muito!

 

Foi com desagradável surpresa que recebemos um email na noite da segunda-feira, dia 10 de setembro, informando que o site dos Nobres do Grid não receberia UMA credencial de imprensa para poder trabalhar durante a realização da etapa brasileira do mundial de endurance, em Interlagos.

 

Decidimos que iríamos até o autódromo mesmo assim e – literalmente – imploramos por uma revisão do processo de credenciamento, uma vez que cumprimos todos os prazos e passos protocolares para a solicitação da mesma. Havia a fé de que seria possível resolvermos este problema junto a assessoria de imprensa do evento, que demonstrou boa vontade em tentar nos ajudar. Contudo, em chegando ao autódromo na quarta-feira, dia 12, a notícia era aquela que não gostaríamos de ouvir: “sinto muito, mas não temos com ajudá-lo. Foram muitos pedidos e não temos como atender a todo mundo”.

 

Acho que não cabe a nós julgar as pessoas e as coisas neste mundo aonde estamos apenas “de passagem”, mas certas coisas vão além da minha parca capacidade de compreensão. O site dos Nobres do Grid não é “todo mundo”. Somos o terceiro site mais acessado do país no seguimento automobilismo. Uma vitória que celebramos a cada dia, pois o cerne do projeto, que é o de resgatar, perpetuar e promover a história dos pilotos da geração de ouro do nosso automobilismo está tendo um retorno muito além do esperado. Só que, além disso, temos o compromisso com os que acessam a página do site, mais de 400 mil por mês! Por mais compreensivos que sejamos, não deu para compreender!

 

O site tem como linha editorial que, qualquer colunista, desde que não seja na redação de sua própria coluna, deve procurar falar sobre o site e sobre o projeto Nobres do Grid na primeira pessoa do plural. Somos uma coletividade que trabalha por uma coisa maior e todos tem o devido tratamento e respeito, igualitário. Contudo, pedirei a licença para escrever em alguns momentos na primeira pessoa do singular, pois foi algo que vivenciei no final da tarde daquela quarta-feira.

 

Para não perder totalmente o investimento feito para a execução do trabalho, a quarta-feira foi utilizada para coletar alguns depoimentos para a seção “Nobres do Grid – Enquete”. Feito isso e já indo embora dá área do Paddock, contrariado, fui surpreendido por uma voz feminina com um carregado sotaque vinda pelas minhas costas:

 

- “Nobrres du Grride”!

Instintivamente me virei para ver quem era e uma bonita jovem, sorrindo, aproximou-se e indagou:

- Flavio?

Respondi, em inglês, que sim que eu era o Flavio e ela emendou:

- Adoro o site de vocês! A entrevista com o Gabrielle Tarquini ficou ótima.

 

Eu quase caí duro! Perguntei se ela falava português e ela disse que não, mas que acompanhava o site. Eleonore Joulie é membro da equipe Gulf na LMP2, uma das mais tradicionais do campeonato e começamos a conversar. Enquanto explicava pra ela como ela poderia conseguir um taxi tive o nome chamado mais uma vez:

 

- Flavio!

 

Era Louise Beckett, repórter de pista da Eurosport no WTCC em 2010 e atualmente no WEC. Louise foi parte do artigo “Universo WTCC” produzido em Curitiba, onde mostramos o trabalho das mulheres no evento.

 

Depois de um nada, comum para uma inglesa, cumprimento e o agradecimento pela matéria ela perguntou qual seria a pauta para o evento e eu respondi:

- Nenhuma! Negaram o nosso credenciamento.

- Como? Porque?

- Não sei, Louise. Só sei que amanhã não terei mais como entrar no autódromo.

- Eu vou ver o que posso fazer, mas você não pode ficar sem trabalhar...

 

Neste momento, Eleonore perguntou do que se tratava e Louise disse que eu não teria como trabalhar no evento por falta de credencial. Neste momento a francesa virou-se para mim e disse:

 

- Se o problema é uma credencial para entrar e trabalhar, resolvemos isso agora!

 

Ela tirou do pescoço sua credencial de Team Member da equipe e colocou-a em mim, dizendo: “Eu tenho outra. Agora você pode fazer mais matérias legais para o site”.

 

Nós vimos tratando com a equipe Audi, através da assessoria de imprensa, uma agenda de trabalho dentro da equipe e tudo estava acertado, com aprovação da gerência do time na Alemanha. Pudemos então fazer o nosso trabalho, com a dedicação de sempre, com o compromisso que sempre honramos com nossos leitores e colegas de mídia. Compromisso este que sempre será honrado. Mas ainda viria mais:

 

Durante o “Meet the Team” da Audi, na noite da sexta-feira, na sala de imprensa, onde não poderíamos estar se não fosse o convite pessoal da assessora de imprensa da Audi, Eva-Marie, uma senhora, assessora de imprensa do evento, polidamente, perguntou o que eu estava fazendo ali, uma vez que minha credencial (Tipo 2) não daria acesso aquele local (a de mídia era Tipo 3). Neste momento Eva-Marie aproximou-se e disse: “Ele é nosso convidado”! Está fazendo um trabalho para a equipe.

 

Aproveitei a oportunidade para conversar com esta senhora, explicando o que ocorrera e perguntando como eu poderia tentar evitar dificuldades futuras. Ela disse que eu precisaria conversar com o “Delegado da FIA” para o evento, Jeff Carter. Orientou-me a procurá-lo no domingo, “após umas duas horas de corrida”. Segui o conselho e fui até lá no dia seguinte.

 

Era cerca das quatro da tarde quando a reencontrei e ela levou-me sala do Jeff Carter. Perguntei se ele teria um ou dois minutos e ele disse que sim... chamando-me pelo nome!

 

Ele lembrava-se do trabalho no WTCC em que foi feito uma pequena mostra do IRC, campeonato de Rally, que era um evento (FIA) paralelo (que vergonha... eu não lembrava da figura dele!).

 

Quando viu minha credencial, perguntou porque eu não estava com uma credencial de imprensa. Disse-lhe que essa era a minha pergunta e, depois de explicar o ocorrido, ele pediu desculpas e fez algumas recomendações que prefiro não reproduzir aqui. Então, levantou-se e de um armário pegou uma credencial de mídia e entregou-me e recomendou estarmos na coletiva com os vencedores...

 

Os fatos passados ao longo daquele evento devem ser motivo de orgulho para todos que, ao longo destes quase quatro anos, vem dedicando horas de suas vidas pessoais, chegando até a, por ventura, abrir mão do convívio com amigos e familiares e abraçando esta causa que é o “Projeto Nobres do Grid” – que é muito maior que o site – divulgando, sem interesse pessoal algum, a história destes pilotos maravilhosos que alguns de nós sequer viu correr. Um trabalho que está sendo visto, reconhecido e respeitado mesmo além das nossas fronteiras, independente da barreira idiomática (o site não tem versão em inglês), em alguns casos, pelo visto, até mais do que aqui no Brasil.

 

Este é o nosso pagamento, a nossa recompensa e o que nos move e moverá para continuar fazendo um site cada vez melhor. Como disse São Tiago, a fé sem obras é morta!