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Arrancada: ou moraliza ou proibe! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 14 December 2012 06:15

 

 

O seguimento de arrancada no automobilismo brasileiro é um fenômeno que arrasta multidões aos seus eventos. Como o site dos Nobres do Grid assumiu há algum tempo o compromisso de mostrar como acontecem eventos de automobilismo em suas diversas categorias, era preciso procurar conhecer algo mais sobre esta “fórmula de se fazer disputas” para poder falar algo sobre o assunto. Assim, foi solicitado o credenciamento para o 19º Festival Nacional de Arrancada, realizado em Curitiba no último final de semana.

 

Conversando com um dos dirigentes do clube “Força Livre”, organizador do evento, e com o assessor de imprensa, Thiago Augusto, tivemos uma pequena noção do tamanho daquele evento. Mais de 300 inscritos em 19 categorias de disputa. Definitivamente, seria necessário um verdadeiro exército para fazer aquilo tudo funcionar... e este exército estava lá. Cerca de 80 pessoas com a camisa laranja e azul da “Força Livre” estavam empenhados em fazer se cumprir um cronograma que ainda tinha a chuva como inimiga... mas não era só ela.

 

Apesar do número de pessoas trabalhando, parecia ser impossível controlar ou por ordem naquilo que se transformou o pitlane. Além de estacionamento, as pessoas transitavam entre carros e motos que insistiam em circular pelo local onde deveriam estar os competidores, suas equipes e a imprensa.

 

Ao invés disso, vimos, dentre outras coisas, dois indivíduos colocando em risco suas vidas e a dos que lá estavam com uma motocicleta e um triciclo, que era puxado pelo motoqueiro, em alta velocidade pelo pitlane e o “malabarista” das três rodas, dava cavalos de pau com seu brinquedo. Em momento algum os organizadores tomaram providências quanto aquilo.

 

O que terá uma dupla de indivíduos como estes em suas caixas cranianas? O pior foi que ninguém tomou uma atitude para pará-los.

 

O risco de um desastre era iminente também na tela da mureta que separa os boxes da pista, com carros acelerando até próximo dos 300 Km/h. Bastava um pequeno problema e um dos carros voar em direção à tela e teríamos uma tragédia, uma vez que a mesma estava tomada de pessoas empoleiradas ao longo de quase toda a totalidade dos 402 metros.

 

Empoleirados nas caixas de som, debruçados sobre as grades ou com o corpo projetado por suas aberturas, arriscando a vida. Alguém viu?

 

Nestas horas, se o clube que organiza o evento não está “vendo” isto, onde estão as autoridades, no caso a CBA e a Federação Paranaense de Automobilismo? Da federação local encontramos quatro pessoas: duas no início da reta e outras duas no final da mesma, já próximo a chicane. Na torre de controle de prova e na secretaria, ninguém!

 

Com um volume de trabalho e de certificações e controle que este pequeno contingente tinha que fazer, não havia como estar em diversos lugares ao mesmo tempo. Que se escalasse um contingente maior, oras! Mas o pior de tudo foi a ausência – e não vou me furtar de dizer, a omissão – do presidente da comissão nacional de arrancada, Sr. Carlos Rodrigues de Deus, que sequer compareceu ao evento.

 

O investimento é alto para se correr provas de arrancada. Alguns carros de algumas equipes tem um custo maior que o da Copa Fiat.

 

A arrancada tem um papel social extremamente importante e educativo na cultura dos que adoram a velocidade. É indo para o autódromo que se deixa de fazer pegas ou rachas (o termo depende da região do país) nas ruas e avenidas das cidades, evitando que pessoas inocentes sejam mortas e/ou mutiladas, mas as pessoas que estão em um evento de automobilismo precisam ter consciência dos riscos, das necessidades e das implicações de se estar em um autódromo.

 

Pessoas, equipes, famílias, a quantidade de homens e mulheres – e até mesmo crianças – apaixonadas por automobilismo que ali estão, como a hoje adolescente Isabela Camporeze, pertencente a uma família em que pai, mãe e irmão disputam provas deste gênero há anos merecem ser respeitados e não terem as suas vidas colocadas em risco.

 

 

Maurício Debarba é piloto profissional, contratado da equipe Powertech. Isabela Camporeze é cria de uma família inteira que disputa arrancadas.

 

Equipes ali presentes tinham mais de um milhão de reais em equipamentos, investimentos de até 50 mil reais por etapa são feitos em carros das categorias top, sem falar nas dezenas, centenas de pessoas que economizam tudo que podem para poder “dar um gás a mais” em seus carros de desafio, de tração dianteira ou traseira, turbo ou aspirado para, ali, em poucos segundos, ter seu momento de glória.

 

O Autódromo Internacional de Curitiba tem um problema técnico com relação as provas de arrancada: entre as duas arquibancadas há um espaço vazio, perpendicular à reta, onde passa uma corrente de ar. Esta corrente desestabiliza os carros no ponto após a aceleração e no momento do início da redução de velocidade, sendo mais crítica para os carros carenados do que para os poderosos dragsters.

 

Acidentes no final da reta no autódromo de Pinhais. Se o problema é o vento, porque até hoje não se instalou um anemômetro ali?

 

Esta corrente de vento foi fator de perda de estabilidade e acidente ocorrido no sábado, desta vez sem o lamentável desfecho do festival de 2010, onde faleceu Vinicius Maschio... e absurdamente o festival continuou.

 

Porque não se instala um anemômetro naquele ponto e só se libera as largadas sob uma determinada condição de vento? Já foi feito algum estudo com relação a isto? Será que o clube “Força Livre”, a federação Paranaense de Automobilismo e a CBA podem responder? No automobilismo estamos lidando com vidas, é bom que todos os envolvidos lembrem-se disso.

 

A CBA e a Federação Paranaense de Automobilismo tem a autoridade, os clubes de arrancada, os estatutos para a organização. Pelo bem do automobilismo, ou organiza e moraliza, ou proíbe-se este tipo de prática no país.

 

Flavio Pinheiro

 

 

 

 

Last Updated ( Friday, 14 December 2012 06:42 )